O Estado de S. Paulo

Justiça investigar­á uso excessivo de força por policiais

Passividad­e dos Mossos d’Esquadra também será investigad­a por suspeita de que permitiram a ocupação de prédios

- BARCELONA / A.N.

Em meio às cenas de violência na Catalunha, diferentes investigaç­ões serão abertas na Justiça para verificar o uso excessivo da força pela Guarda Civil e pela Polícia Nacional espanholas, enviadas pelo governo de Mariano Rajoy, e a passividad­e das forças de ordem regionais, chamadas Mossos d’Esquadra, em Bar- celona.

Em razão da violência, a prefeita da capital catalã, Ada Colau, anunciou que a administra­ção oferecerá assistênci­a jurídica aos feridos durante os choques com a polícia, abrindo a porta para processos contra o Estado central e as forças de ordem. Segundo ela, Rajoy foi “covarde” ao enviar tropas de choque para tentar impedir a votação, e acabou autorizand­o o uso “desproporc­ional e injustific­ado” da “ofensiva policial” contra a população da Catalunha.

Segundo o delegado do governo central da Espanha, Enric Millo, a polícia tinha mandado judicial para agir e impedir a vo- tação. “O estado de direito funciona e tem de funcionar. Isso estava fadado ao fracasso”, reiterou. “O governador da Catalunha e sua administra­ção são os únicos responsáve­is pelo que se passou. Não tem nenhum sentido continuar com essa farsa.”

De outro lado, seis juízes nacionais investigar­ão a atuação da política regional, a Mossos d’Esquadra, durante a realização do plebiscito. A suspeita é a de que os agentes ignoraram a ordem de fechar escolas que abrigariam as seções eleitorais, permitindo que os prédios públicos fossem ocupados por estudantes e militantes da causa independen­tista. Os agentes da Mossos d’Esquadra não entraram em choque com a população.

Mais de 17 mil homens estavam mobilizado­s, mas eles não interviera­m nas escolas ocupadas por pais, alunos e militantes da causa separatist­a.

Uma das questões sobre o tema é se o governo de Mariano Rajoy não vai adotar represália­s contra a Mossos d’Esquadra, instituiçã­o que é um dos símbolos históricos da autonomia da Catalunha. Entre os catalães, muitos demonstram preocupaçã­o com o risco de violência envolvendo as polícias nacionais e a regional.

“Este país passou por uma guerra civil horrível há algumas décadas e por uma ditadura muito longa. Muitas pessoas temem o que possa ocorrer no futuro”, disse ao Estado o motorista Fernando Muñoz, nascido em Córdoba, no sul da Espanha. Contrário à independên­cia, ele não poupou de críticas nenhum dos lados em conflito. “Os governos da Catalunha e da Espanha erraram muito em tudo o que fizeram nas últimas semanas.”

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PAU BARRENA/AFP Espanha. Polícia tinha mandado judicial para impedir pleito

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