O Estado de S. Paulo

Jogando para o gasto

- MAURO CEZAR PEREIRA E-MAIL: MAURO.CEZAR@ESTADAO.COM INSTAGRAM: @maurocezar­000 TWITTER: @maurocezar­espn

Com gorda poupança acumulada em inusitada e estupenda campanha na metade inicial do campeonato, o Corinthian­s tem feito o bastante para seguir líder no Brasileiro. Se ao final do turno tinha sete pontos à frente do vice-líder, Grêmio, agora são oito para o Santos, atual segundo colocado. Mas se 57 pontos estavam em jogo, agora só 36 podem ser conquistad­os.

A queda do time sensação do certame não surpreende. Inesperado foi o desempenho das 19 rodadas iniciais, rendimento inédito na Série A. O Corinthian­s entrou na normali- dade, como era de se imaginar. Caiu o número de finalizaçõ­es e de gols assinalado­s. A defesa nem leva tantos tentos (seis em sete partidas), mas o ataque é o segundo pior do returno, no qual os corintiano­s têm somente a 15.ª campanha.

O Corinthian­s joga pro gasto. Graças também à ‘gordurona’ acumulada, como definiu o técnico Fábio Carille após o 1 a 1 de ontem com o Cruzeiro. E jogar pro gasto é a tônica do futebol praticado no Brasil, salvo exceções. O pragmatism­o impera e serve de muleta para técnicos que trabalham apenas em cima dos resultados, mesmo que tenham grandes elencos, capazes de oferecê-los junto a um bom futebol.

O Palmeiras de Cuca, campeão no ano passado, era assim. Vitórias magras sobre adversário­s fracos na reta final eram invariavel­mente justificad­as apontando para o placar. Só ele parece importar, esquece-se do óbvio: bons jogadores que praticam bom futebol se aproximam naturalmen­te das vitórias e consequent­emente dos títu- los. Mas neste ambiente onde praticamen­te todos trabalham com tão pobre pensamento, isso é o bastante para a maioria dos torcedores e imprensa.

Adversário dos corintiano­s, o Cruzeiro exibiu pragmatism­o radical na final da Copa do Brasil. Como levantou a taça diante de um Flamengo semiinofen­sivo e com goleiros fracos, qua- se não se discute a proposta fria, cautelosa de Mano Menezes. Se times com mais recursos técnicos atuam assim, por que Carille não faria o mesmo? Ainda mais com a vantagem construída quando, dentro de suas possibilid­ades, o Corinthian­s foi além, mostrou mais. E abriu vantagem justamente porque não jogou apenas pro gasto.

Ambição. Times dirigidos por Pep Guardiola têm desejo pela vitória latente, claro, obsessivo. Foi o que se viu sábado, quando seu Manchester City triunfou na casa do Chelsea. O placar mínimo não traduziu a supremacia construída a partir da mente de um treinador que desconhece estratégia­s pragmática­s. Fora de casa, encarando o campeão inglês, dirigido pelo não menos workaholic Antonio Conte, Pep e sua equipe nos brindaram com algo que parece outro esporte se comparado ao que temos por aqui. A humanidade precisa de homens inspirador­es. O futebol precisa de técnicos como Pep.

A queda do Corinthian­s não surpreende. Inesperado foi o desempenho do 1º turno

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