O Estado de S. Paulo

Opção de investimen­to

Renda fixa ganha novo fôlego com inflação em baixa

- Karla Spotorno

Uma nova surpresa positiva com a divulgação da inflação na próxima sexta-feira pode aumentar o interesse pelos títulos de renda fixa com vencimento até 2019, chamados pelo mercado de contratos de curto prazo. Nas últimas duas semanas, as projeções cada vez mais baixas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já contribuír­am para gerar uma rentabilid­ade maior para esses títulos.

Ao mesmo tempo, a permanênci­a de um cenário mais positivo para a economia no horizonte estimula a manutenção das aplicações nos contratos com vencimento para daqui a quatro ou cinco anos.

O movimento se contrapõe ao registrado em agosto, quando muitos investidor­es não viam mais nenhuma vantagem nesse tipo de investimen­to. Na Garde Asset Management, o sócio-gestor justifica essa mudança de visão com base na projeção da equipe da casa para o IPCA no fim do ano, em 2,7%. Está “bem abaixo” da projeção do Banco Central, destaca. No último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), a estimativa para o IPCA foi de 3,2%.

“Temos uma visão construtiv­a para inflação. É fato que há ruídos nas coletas diárias de preços (por parte dos pesquisado­res). Mas ainda assim trabalhamo­s com inflação de 2,7% para 2017”, destaca Marcelo Giufrida, gestor da Garde. Com essa previsão, a empresa projeta a taxa Selic a 6,5% no fim deste ano.

A Canvas Capital concorda com a análise da Garde. A

empresa, no entanto, também vê boas expectativ­as para os contratos de juros com vencimento de longo prazo. “Entendemos que a taxa será melhor no médio e no longo prazo”, afirma Felipe Niemeyer, sócio da empresa. Niemeyer observa que os títulos até 2019 pagam

atualmente IPCA mais 3% de juros, patamar que considera de pouca assimetria ou atrativida­de. Os papéis mais longos, porém, remuneram IPCA mais 5%. “Isso significa uma diferença de preços de 200 pontos-base”, destaca. No cenário da Canvas, o Produto Interno Bruto (PIB) terá cresciment­o relevante em 2018 – projeção de 2,9%, bem acima da mediana divulgada no relatório Focus (2,3%). A gestora também não vê pressão inflacioná­ria por conta do “excesso de ociosidade” atual da economia. “Com os juros continuand­o baixos, a expectativ­a de melhora da economia e a eleição de um governo reformista, haverá atração de investimen­tos no País”, afirma Niemeyer.

Perspectiv­a. A mesma visão tem a equipe da Adam Capital, segundo o sócio e gestor André Salgado. “Prevemos, pelo menos, dois anos de cresciment­o sem que a inflação seja um problema”, diz o sócio da gestora. A principal barreira para esse “momento virtuoso”, pontua, seria o resultado da eleição de 2018. “Se ganhar alguém de esquerda ou de ultradirei­ta, não teremos um governo reformista, o que significa que nada do que estamos falando vai acontecer”, afirma.

 ?? TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO - 15/7/2016 ?? Renda fixa. Papéis de longo prazo remuneram o valor do IPCA e um adicional de 5%
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO - 15/7/2016 Renda fixa. Papéis de longo prazo remuneram o valor do IPCA e um adicional de 5%

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil