O Estado de S. Paulo

O drama dos refugiados

Filme ‘Exodus’ acompanha 6 pessoas em busca de inclusão

- Luiz Carlos Merten

É um tema que, por si só, dá conta do estado do mundo. A Convenção dos Refugiados de 1951 não determina teto nem número máximo para pessoas que se qualificam como refugiados. Os países que a firmaram deveriam estar obrigados a fornecer ajuda, mas com esse novo nacionalis­mo que se fortalece no mundo inteiro, o migrante, de maneira geral, e o refugiado, em parti- cular, estão sendo vistos como inimigos. O cinema tem dado conta do assunto. No ano passado, tivemos o excepciona­l Fogo no Mar, de Granfranco Rosi.

Esta semana temos outro documentár­io. Exodus – De Onde Eu Vim Não Existe Mais, de Hank Levine. O diretor, nascido na Alemanha e radicado no Brasil, onde tem parceria com a O2 de Fernando Meirelles, segue a trajetória de seis pessoas que foram forçadas a deixar suas casas em diferentes países, e por diferentes motivos. Na Mostra do ano passado, em sucessivos encontros com o público, Levine contou a gênese. Há quase dez anos, estava no Senegal fazendo um documentár­io sobre pessoas que usavam barcos clandestin­os para tentar chegar à Espanha. Ouviu histórias terríveis. Descobriu as rotas para a Europa, a América do Sul.

Entre seus personagen­s estão uma garota síria que aprende a atirar no Brasil e tenta chegar ao Canadá. Um refugiado que também sai do Brasil e, via Cuba, tenta chegar à Alemanha. São histórias de dor, de desespero, mas também de resistênci­a. Wagner Moura empresta sua voz como narrador. Num mundo competitiv­o, e cada vez menos solidário, Levine destaca o que está em jogo nessas histórias. São as grandes conquistas como democracia e liberdade, incluindo a liberdade de se mover livremente. Uma fala dele na Mostra – “O mundo tornouse restritivo. Temos de reaprender a incluir.”

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O2 PLAY Saara Livre. Protesto dos povos do deserto no Marrocos

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