Empresas iniciam transição para uma economia de baixo carbono
Com o desafio de manter o aquecimento global abaixo de 2ºC, diversos setores produtivos apostam na redução dos impactos sobre o meio ambiente
Opapel da indústria química na busca de soluções inovadoras, e o compromisso das empresas para uma economia de baixo carbono no Brasil e no mundo foram os temas discutidos na terceira edição da série de programas “Pensando o Futuro”, da rádio Eldorado. Participaram do debate Ricardo Nery, gerente de matérias-primas renováveis da Braskem, e Marina Mattar, diretora de relações institucionais e sustentabilidade da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química).
Na teoria, a economia de baixo carbono tem como foco a drástica redução das emissões de gases de efeito estufa para combater os efeitos das mudanças climáticas e manter o aquecimento global abaixo de 2ºC. Na prática, esse processo envolve uma atuação incisiva de governos, da sociedade e da iniciativa privada para o uso racional dos recursos naturais, a implantação de tecnologias limpas, a ampliação da produção e do emprego das energias renováveis, e a reutilização de resíduos. E a solução pode estar na pesquisa e nas iniciativas inovadoras para suprir essas necessidades.
Tecnologia “verde”
Nery defendeu medidas como o desenvolvimento de produtos renováveis, e citou o exemplo do plástico verde da Braskem, produzido com base na cana-de-açúcar. “Ele tem exatamente as mesmas características de um plástico normal, com a diferença de que, a cada tonelada produzida, conseguimos capturar três toneladas de gás carbônico da atmosfera”, explica. Marina Mattar disse que, até 2030, por meio da inovação e do investimento em tecnologia, a Abiquim, como fornecedora de insumos para produtos agrícolas, automobilísticos, construção civil, cosméticos, higiene pessoal, entre muitos outros, terá um papel importante na redução da emissão dos gases de efeito estufa.
A percepção da importância da sustentabilidade é algo que vem crescendo muito no mercado, principalmente após o Acordo de Paris, que em 2015 propôs diversas medidas para a redução de emissão de gás carbônico aprovadas por 195 países. Entre eles o Brasil, que se comprometeu a baixar suas emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 (tendo como base os dados de 2005). “Esse é um esforço compartilhado. É importante que estejamos sempre atentos às tendências mundiais, e que o Brasil desenvolva uma política industrial focada no desenvolvimento sustentável, criando um ambiente que permita que as indústrias invistam”, diz Mattar.
Sociedade engajada
Ambos os entrevistados concordaram que o setor industrial brasileiro tem um grande potencial para o desenvolvimento de soluções que podem levar o País a uma liderança na economia de baixo carbono, atingindo assim os objetivos acordados na COP21. Nery reafirmou a importância do plástico verde, mas frisou que não é o suficiente. “O Brasil e a Braskem estão na fronteira do conhecimento, por isso já estamos iniciando pesquisas em um campo mais próximo da biologia e da engenharia metabólica”. Marina complementou, relembrando do papel dos consumidores nessas mudança de mentalidade.“A sociedade está demandando produtos mais sustentáveis. Por isso, o setor químico já está discutindo os desafios para 2050”.
Serviço
O programa “Pensando o Futuro” vai ao ar quinzenalmente às 8h na Rádio Eldorado (FM 107.3) e também em vídeo pela página da rádio no Facebook (www.facebook.com/radioeldorado). A próxima edição será no dia 14 de outubro e abordará o tema “Acesso à água potável — um direito fundamental”, com a participação de Mario Pino, gerente de desenvolvimento sustentável da Braskem, e Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil (ITB).