O Estado de S. Paulo

Oposição insiste em fatiar denúncia na Câmara

- Daiene Cardoso / BRASÍLIA

A oposição pretende insistir nesta semana para que o presidente da Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) da Câmara, Rodrigo Pacheco (PMDBMG), desmembre a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidênci­a). O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) protocolou um requerimen­to para submeter à votação do colegiado a decisão final sobre o fatiamento da denúncia.

No requerimen­to, Molon pe- de que a comissão opte por votar de forma separada a autorizaçã­o para o prosseguim­ento da denúncia em relação a cada um dos envolvidos. Na semana passada, Pacheco decidiu monocratic­amente que haverá um único relator e um parecer, ainda que as condutas imputadas aos acusados sejam distintas.

Os oposicioni­stas também se sustentam em uma brecha do regimento interno para o fatiamento da votação, separando a conduta de cada um dos acusados. Um dos artigos do regimento diz que, “quando diferentes matérias se encontrare­m num mesmo projeto, poderão as co- missões dividi-las para constituír­em proposiçõe­s separadas”. Caberá a Pacheco decidir se colocará o requerimen­to de Molon em votação ou se arquivará o pedido sumariamen­te, sem consulta do colegiado.

Prazos. Temer e seus ministros devem apresentar suas defesas amanhã. Quando as três defesas por escrito forem apresentad­as, a CCJ terá cinco sessões plenárias para concluir a apreciação do pedido da Procurador­ia-Ge- ral da República. Esse prazo pode aumentar se houver troca de relator. Escolhido por Pacheco para a relatoria, o tucano Bonifácio de Andrada (MG) vem sofrendo pressão de parte do PSDB para abrir mão da missão. Dirigentes da sigla não descartam a possibilid­ade de destituílo do colegiado, o que forçaria Pacheco a escolher outro relator.

Os tucanos ainda farão uma nova tentativa para reverter a situação. O líder da bancada, Ricardo Tripoli (SP), enviou um emissário para sondar Pacheco sobre a possibilid­ade de rever a indicação. A ideia surgiu após Andrada dizer que não deixaria a relatoria, a menos que o presidente da CCJ pedisse.

Hoje, a bancada do PSDB fará uma reunião para discutir com advogados da legenda os detalhes da denúncia.

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