Com 1 atirador em ação por dia, debate sobre porte retorna
Apoiado por entidade que faz lobby pela venda de armas, Trump evita se posicionar sobre controle mais rígido para a população
Os EUA registraram um caso de tiroteio em massa para cada dia do ano, de longe o mais elevado índice entre as nações desenvolvidas. O de Las Vegas foi o mais devastador da história americana e reacendeu o debate sobre o controle de armas, um ritual que se repete a cada grande matança no país que tem mais armas do que habitantes.
A Casa Branca disse que o presidente Donald Trump considera “prematuro” discutir o assunto. No pronunciamento que fez na manhã de ontem, o republicano não mencionou a palavra “armas” nem se referiu ao debate que divide há anos a sociedade americana. Em geral, democratas defendem restrições, enquanto os republicanos se opõem a elas.
Cada vez que enfrentou uma tragédia semelhante, o ex-presidente Barack Obama pediu, em vão, que o Congresso aprovasse medidas de controle ao acesso de armas, entre as quais checagem mais rigorosa de antecedentes criminais, avaliação psicológica dos que compram armas e limites para os cartuchos de munição usados em fuzis semiautomáticos.
Derrotada por Trump em novembro, a democrata Hillary Clinton repetiu suas posições de campanha e defendeu ontem o endurecimento da legislação sobre o assunto.
“Nossa dor não é suficiente. Nós podemos e temos de deixar a política de lado, enfrentar a NRA e trabalhar juntos para evitar que isso aconteça de novo”, escreveu Hillary no Twitter, fazendo referência à Associação Nacional do Rifle, o lobby pró-armas que apoiou a candidatura de Trump. Ela descreveu o ataque como um “mas- sacre a sangue frio”.
O presidente é contrário a qualquer forma de controle e se apresenta como um paladino da Segunda Emenda, que trata do porte de armas. O Estado de Nevada, onde ocorreu o massacre de domingo, tem uma das mais lenientes legislações dos EUA sobre o assunto.
Origem. Informações preliminares indicam que o atirador Stephen Paddock comprou de maneira legal as armas que levou ao hotel Mandalay. Pelo menos 23 armamentos foram encontrados em seu quarto. Paddock também tinha centenas de cartuchos de munição.
O gerente geral da loja Guns & Guitars, Christopher Sullivan, disse que o atirador comprou um revólver e dois fuzis em sua loja no ano passado. “O homem não tinha histórico criminal”, disse ele ao New York Times. “Mas, em relação ao que passa na mente de uma pessoa, eu não posso falar nada.”
Muitos dos fãs e músicos do festival de música country são simpatizantes de Trump e defensores da Segunda Emenda. Mas o ataque mudou a opinião de pelo menos um deles, o guitarrista Caleb Keeter, da banda Josh Abbott. “Nós precisamos de controle de armas imediatamente”, escreveu no Twitter. “Meu grande erro for não ter percebido isso até que meus irmãs de estrada e eu mesmo estivéssemos ameaçados.”
Prematuro
“Há um momento e um lugar para se debater esta política, mas agora é o momento de nos unirmos como país. Seria prematuro discutir política quando não se sabe de todos os fatos” Sarah Huckabee
PORTA-VOZ DA CASA BRANCA