O Estado de S. Paulo

Driblar altitude é o desafio da seleção

Estratégia de chegar a La Paz na quinta-feira, três horas antes do início do jogo com a Bolívia, tem o objetivo de minimizar os efeitos do ar rarefeito

- Marcio Dolzan ENVIADO ESPECIAL / TERESÓPOLI­S

Melhor time das Eliminatór­ias Sul-Americanas e garantido em primeiro lugar com antecipaçã­o, o Brasil encara uma das piores seleções do continente na quinta-feira demonstran­do preocupaçã­o – não com o inoperante ataque da Bolívia, o pior da competição, mas com os possíveis efeitos da altitude de 3.600 metros de La Paz. Por isso, a comissão técnica da seleção traçou um plano específico, que inclui chegada à cidade do jogo menos de três horas antes da partida.

Para minimizar os efeitos da altitude, a seleção terá uma logística bem diferente da habitual. A equipe viajará à Bolívia amanhã, véspera do jogo, mas ficará concentrad­a em Santa Cruz de la Sierra, localizada a apenas 416 metros acima do nível do mar – menos da metade dos 871 metros de Teresópoli­s, onde o grupo está desde ontem.

O maior temor é que os atletas sintam os efeitos do que os fisiologis­tas chamam de “Mal Agudo da Montanha”, sintomas comuns a todos que não estão acostumado­s às altas altitudes. Eles vão de dores de cabeça a náuseas, mas muitas vezes também resultam em fraqueza muscular, sangrament­o do nariz e até mesmo vômito.

Segundo os responsáve­is pela preparação física da seleção, os efeitos começam a ser sentidos com maior intensidad­e a partir de seis horas após a chegada. Por isso, a comissão optou por um legítimo bate e volta.

No discurso dos jogadores, essas condições não irão interferir no desempenho. “Estou sempre pronto. Nunca joguei na altitude, mas dizem que é muito complicado. Se tiver que jogar, vou dar meu melhor, como sem-

pre fiz”, assegurou o lateral-esquerdo Jorge.

Não haverá treino em solo boliviano. Tite fará a preleção no hotel em Santa Cruz de la Sierra na manhã de quinta. Na sequência, a equipe viaja a La Paz. A delegação chegará à capital boliviana praticamen­te em cima da hora do jogo.

Se por um lado evita os efeitos da altitude, por outro a viagem próxima ao horário marcado para o início da partida impede que os jogadores se habituem a diferenças técnicas de se jogar a mais de três mil metros.

O meia Arthur deixa a dificuldad­e em segundo plano. “Já joguei na altitude. A bola anda um pouquinho mais rápido, tem de prestar um pouco mais de atenção”, disse. “Meu pai comentou sobre o fato de eu ter sido convocado justamente para um jogo na altitude. Eu falei: ‘pai, jogo até debaixo d’água se for preciso’. Acho que a gente não vai ter muitas dificuldad­es.”

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FOTOS WILTON JUNIOR/ESTADÃO Físico. Jogadores da seleção brasileira fazem exercícios na Granja Comary; time não fará nenhum treino em solo boliviano

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