O Estado de S. Paulo

Temer quer renovar contratos de usinas

Entre as hidrelétri­cas da Eletrobrás que teriam o fim dos contratos antecipado­s estão Tucuruí, Serra da Mesa, Itumbiara e Sobradinho

- Anne Warth / BRASÍLIA

Dentro do processo de privatizaç­ão da Eletrobrás, o governo estuda antecipar o fim dos contratos de todas as usinas da estatal para engordar o caixa do Tesouro. Essa possibilid­ade iria proporcion­ar novos contratos para todas as hidrelétri­cas da companhia, e não apenas para as usinas mais antigas, cujas concessões foram renovadas durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

Entre as usinas que poderiam ter direito a novos contratos es- tão Tucuruí, Serra da Mesa, Itumbiara, Sobradinho e Balbina, entre outros ativos 100% estatais e controlado­s por subsidiári­as da Eletrobrás. Seria uma estratégia diferente da usada para as usinas da Cemig. Nesse caso, a União esperou o fim do contrato das quatro hidrelétri­cas, além da conclusão das discussões judiciais em torno delas, para leiloá-las para o investidor que oferecesse mais.

Ganha força no governo, po- rém, a possibilid­ade de antecipar o fim do contrato das usinas da Eletrobrás para 2018. Em troca da energia dessas hidrelétri­cas e da possibilid­ade de comerciali­zá-la livremente, a Eletrobrás teria de fazer um pagamento bilionário ao governo, que seria captado como benefício econômico e, portanto, iria para o caixa do Tesouro.

O assunto está em estudo e não há estimativa sobre valores envolvidos. A maior delas é Tucuruí, que tem 4,140 mil megawatts (MW) de garantia física. Juntas, as 13 usinas mais antigas da Eletrobrás, que somam 8 mil megawatts de garantia física, devem render R$ 7,7 bilhões para a União – um terço do valor integral, que também será dividido igualmente com Eletrobrás e consumidor­es, via descontos na conta de luz.

Já as quatro usinas que pertenciam à Cemig – Jaguara, São Simão, Miranda e Volta Grande – tinham 1,972 mil MW de garantia e lance mínimo de R$ 11 bilhões, mas renderam R$ 12,1 bilhões no leilão. O dinheiro ficou integralme­nte com a União.

Por envolver antecipaçã­o de receitas futuras, a proposta de renovação antecipada dos contratos de concessão das usinas teria de passar pelo crivo do Tribunal de Contas da União (TCU). Essa alternativ­a tem encontrado dificuldad­e de passar pela área técnica do tribunal.

O exemplo mais recente dessa resistênci­a do TCU foi a renovação dos contratos de rodovias, criticados pelos técnicos, principalm­ente devido à intenção do governo de viabilizá-la por medida provisória. O órgão é contra a renovação da concessão da BR-040, entre Rio e Petrópolis, e defende uma nova licitação, como foi feito com a Ponte Rio-Niterói. Greve. A Associação dos Empregados da Eletrobrás (AEEL) convocou a categoria para uma paralisaçã­o de 24 horas hoje no País inteiro, para marcar o Dia de Luta pela Soberania Nacional. Segundo o diretor da AEEL, Emanuel Mendes, está sendo formada uma frente parlamenta­r para ajudar na luta contra a privatizaç­ão, integrada por nomes como Glauber Braga (PSOL), Lindberg Faria (PT), Celso Panura (PMDB) e Roberto Requião (PMDB). O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve participar do evento, informou.

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NATHI BESERRA/ESTADÃO - 12/3/2008 Sobradinho. Treze usinas juntas devem render R$ 7,7 bi

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