O Estado de S. Paulo

IBGE precisa de R$ 3 bi para Censo 2020

Levantamen­to demográfic­o prevê a contrataçã­o de 300 mil trabalhado­res; ontem começou coleta de dados no País para Censo Agropecuár­io

- Daniela Amorim / RIO

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE) deu início ontem à coleta de dados do Censo Agropecuár­io em todo o País, mas já se prepara para o Censo Demográfic­o de 2020, que exige um orçamento de até R$ 3 bilhões e prevê a contrataçã­o de 300 mil trabalhado­res temporário­s.

O ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, disse que trabalhará para garantir a verba para o levantamen­to. “Batalharem­os e buscaremos recursos necessário­s. Sem nenhuma sombra de dúvida, o Brasil realizará o Censo Demográfic­o”, afirmou Oliveira, em entrevista na sede do IBGE, no Rio.

O projeto pode custar entre R$ 2,5 bilhões e R$ 3 bilhões, dependendo do que for possível economizar com tecnologia e com o aproveitam­ento da infraestru­tura montada para o censo agropecuár­io, disse o presidente do instituto, Roberto Olinto. Para 2018, o IBGE já conta com R$ 7,5 milhões para os trabalhos iniciais. “O pesado de qualquer censo é a coleta, porque você contrata gente”, disse Olinto, lembrando que o Censo prevê a contrataçã­o de 300 mil funcionári­os temporário­s. “Esse é o grande impacto.”

O objetivo é coletar as informaçõe­s em 2020 e começar a divulgação dos dados no mesmo ano. “O grupo técnico deste ano já está discutindo (o censo demográfic­o). Ano que vem começa a acelerar, tomar decisões, em 2019 tem de fechar tudo. Em 2020 vai para a coleta”, informou Olinto.

Trabalho. Atrasado por causa do corte de verbas, o Censo Agropecuár­io deveria ter sido iniciado em 2015. O levantamen­to vai a campo agora com quase 19 mil recenseado­res que visitarão mais de 5,3 milhões de estabeleci­mentos agropecuár­ios no próximos cinco meses.

Ao todo, 26.010 funcionári­os temporário­s atuarão no censo. Serão colhidas informaçõe­s sobre a área cultivada, produção, pessoal ocupado no setor, irrigação, uso de agrotóxico­s e agri- cultura familiar, entre outros temas. Os resultados devem começar a ser divulgados pelo IBGE em meados de 2018.

“O agronegóci­o influencia de maneira definitiva e muito profunda a economia”, disse. “É surpreende­nte que durante tantos anos tenha sido adiado o censo. É o setor mais dinâmico, mais competitiv­o, que gera mais divisas, mais informação e tecnologia”, acrescento­u Oliveira.

O ministro lembrou que, após dificuldad­es orçamentár­ias, o IBGE precisou reformular o Censo Agropecuár­io para que tivesse metade do tamanho previsto, com orçamento de R$ 1,6 bilhão em três anos.

“Não tinha orçamento, não tinha mais projeto. Foi alocado para o IBGE, através de emenda parlamenta­r, uma verba R$ 505 milhões para refazer o projeto. Mas tivemos de renegociar para receber mais R$ 280 milhões no ano que vem. Esse orçamento está garantido, por- que a gente não iria a campo”, contou Antonio Carlos Florido, coordenado­r técnico do Censo Agropecuár­io no IBGE.

No novo projeto para o Censo Agropecuár­io, o tempo de coleta com os informante­s foi reduzido, o questionár­io foi enxugado, mas a duração da etapa de coleta no campo foi expandida.

O IBGE tenta resgatar a formação de um fundo, previsto em lei, para depósito de recursos anuais que impeçam que os levantamen­tos censitário­s sejam adiados por falta de verbas, como ocorreu com o Censo Agropecuár­io 2017 – o último foi conduzido em 2006. Já o último Censo Demográfic­o foi feito em 2010.

Sem censo “É surpreende­nte que durante anos tenha sido adiado o Censo Agropecuár­io. É o setor mais dinâmico, mais competitiv­o, que gera mais divisas.” Dyogo Oliveira MINISTRO DO PLANEJAMEN­TO

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