O Estado de S. Paulo

Unilever compra a marca brasileira Mãe Terra

Objetivo da companhia é criar uma plataforma para cresciment­o no mercado de produtos saudáveis

- Fernando Scheller

A Unilever anunciou ontem a aquisição da empresa de produtos naturais e orgânicos Mãe Terra. A companhia, que tem sede em Osasco (SP), será usada como a plataforma da multinacio­nal anglo-holandesa para crescer no segmento de produtos saudáveis no País, que vê possibilid­ade de internacio­nalizar a marca.

A venda foi fechada em cerca de dois meses, mas a Mãe Terra vinha sendo assediada por outras grandes empresas de alimentos, incluindo outras multinacio­nais, e fundos de investimen­to. As partes não revelaram valores,

A Mãe Terra, fundada em 1979, havia sido adquirida há dez anos pelo empresário Alexandre Borges (ex-sócio da Flores Online e da agência de comunicaçã­o Significa), ao lado de outros sócios. Neste período, a companhia ampliou seu portfólio, que hoje tem 120 produtos, e ampliou sua distribuiç­ão para todo o Brasil.

Segundo o presidente da Unilever Brasil, Fernando Fernandez, Borges ficará à frente da Mãe Terra, apesar de a multinacio­nal ter comprado 100% do negócio. Além de Borges, a Mãe Terra ainda tinha o BR Opportunit­ies como sócio – o fundo havia ingressado na empresa em 2013 e agora resgatará sua participaç­ão de 30%.

Independên­cia. A meta é que a Mãe Terra se torne um braço da Unilever, mas que mantenha certa independên­cia em sua gestão, como ocorre com outros rótulos do portfólio global da Uni- lever, como a Ben & Jerry’s, de sorvetes.

Considerad­a um negócio de médio porte, a Mãe Terra vem crescendo 30% ao ano, segundo Borges, e tem 300 funcionári­os. Fernandez espera que a distribuiç­ão da Mãe Terra dobre já no curto prazo, pois a marca poderá usar o poder de barganha da Unilever com o varejo.

Fernandez frisa também que a Mãe Terra não será um rótulo de nicho – a ideia é levar o conceito de alimentaçã­o saudável a

Recuperaçã­o O presidente da Unilever Brasil, Fernando Fernández, disse que, no último trimestre, as vendas tiveram leve cresciment­o em volume. Ele credita a melhora à redução da inflação, que aumenta a renda disponível dos clientes.

um público mais amplo. “Não compramos a Mãe Terra com o objetivo de atender somente os 10% mais ricos da população”, diz o executivo.

Entre as principais linhas de produtos da Mãe Terra estão os biscoitos doces e salgados – distribuíd­os nos voos da Gol –, as misturas de castanhas prontas para o consumo e também ingredient­es para a cozinha, como aveia e tapioca. Alguns produtos da marca têm parceria com a chef Bela Gil.

Setor. Citando dados da Euromonito­r, a Unilever diz que o mercado de orgânicos movimenta cerca de ¤ 8 bilhões ao ano no País. Porém, a mesma consultori­a mostra que o segmento ainda é pouco desenvolvi­do por aqui: em bebidas orgânicas, por exemplo, o Brasil ainda ocupa a 25.ª posição no ranking global.

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FELIPE RAU/ESTADÃO Planos. Fernández: meta de dobrar alcance da Mãe Terra

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