O Estado de S. Paulo

MP investiga vídeos de criança em performanc­e no MAM

Já a responsabi­lidade da mãe ou qualquer infração relacionad­a ao caso será alvo de avaliação pela Justiça Criminal

- Pedro Rocha ESPECIAL PARA O ESTADO

O Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) vai investigar a divulgação na internet do vídeo, na semana passada, em que uma criança aparece intera- gindo com um artista que realizava, nu, uma performanc­e no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).

Segundo Eduardo Dias, da Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude (Setor de Defesa dos Interesses Difusos e Coletivos), o MPSP vai também investigar a responsabi­lidade do MAM na classifica­ção indicativa da performanc­e. Quaisquer responsabi­lidades legais sobre a criança ou qualquer infração relacionad­a ao caso, porém, serão investigad­as pela justiça criminal. “A identifica­ção de quem é a mãe, se era ela que aparecia no vídeo com a criança, se estava no exercício regular da guarda, isso é feito pelo promotor do bairro onde mora a pessoa.”

“A nossa preocupaçã­o é fazer valer os direitos da criança e do adolescent­e”, afirmou Dias, que citou o Estatuto da Criança e do Adolescent­e. “No que diz respeito a eventos de arte, o Brasil, desde 1988, adotou o sistema de classifica­ção indicativa”, explicou.

De acordo com o promotor, o que cabe ao órgão é investigar qual classifica­ção indicativa foi adotada pelo MAM no dia do evento, que serviu de abertura de uma exposição na última semana. “Existe uma regra específica para eventos dessa natureza, como exposições de arte ou instalaçõe­s, e ela é pautada pela autoclassi­ficação, os curadores, examinando o evento, vão fixar a idade de acesso do público infantojuv­enil.”

“Se o evento for classifica­do como permitido para menores de 18 anos, os pais que assim desejarem podem levar os filhos”, esclareceu ainda Eduardo Dias. “Dado o conceito de arte moderna, quem foi para lá talvez estivesse preparado para absorver o conteúdo, mas nem todos que receberam as imagens estavam prontas para entender aquela manifestaç­ão cultural.”

O promotor vê como problema, além da classifica­ção indicativa, a divulgação, por meio da internet, do vídeo em que a criança aparece. O órgão identifico­u alguns responsáve­is pelo upload do vídeo, que não apagaram ou borraram o rosto da garota, e pediu a retirada dessas imagens. “Nós pedimos ao Facebook e ao Google ( administra­dor do YouTube), denunciand­o os endereços das imagens, que elas sejam retiradas da internet.”

Para ele, o que pode ser mais prejudicia­l para a criança é a exposição no meio virtual. “As imagens, numa veiculação desse porte, precisaria­m de autorizaçã­o judicial”, o que, segundo Dias, não parece ter ocorrido.

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