O Estado de S. Paulo

Caldos e especiaria­s da cozinha local

Culinária do país é uma inspirada profusão de temperos e aromas

- HOI AN / THIAGO LASCO

A passagem de chineses e franceses pelo Vietnã deixou marcas que se notam também à mesa. Prova disso é que um dos quitutes mais emblemátic­os de Hoi An, o banh mí, é uma baguete indisfarça­velmente francesa – recheada de pernil ou frango, mais pepino, cenoura, coentro e uma úmida mistura de ervas e pimentas que valorizam o gosto da carne e dão liga ao sanduíche. Um lanche para qualquer hora, que custa menos de US$ 1.

Aromática, a cozinha local usa condimento­s como molho de peixe, chilli doce, nuóc cham, coentro e limão para criar molhos ao mesmo tempo picantes e adocicados. Neles, mergulham-se rolinhos de papel de arroz no vapor com camarão e vegetais (goi cuon), cestinhas crocantes com carne de caranguejo desfiada ou os irresistív­eis crispy duck rolls – charutos formados por finos filamentos de massa, recheados de pato e fritos, que derretem na boca.

Se você aprendeu no Bom Retiro paulistano a gostar de phô, aquela sopa quase hospitalar de macarrão de arroz com broto de feijão, ervas e fatias de frango ou carne, pode até achar quem prepare uma igual em Hoi An, mas ela é típica de Hanói. Aqui, será bem mais fácil encontrar noodles servidos com barriga de porco frita e legumes, sobre um caldo viscoso de porco e coroados por salgadinho­s de arroz que lembram mandiopãs. A descrição apeteceu? Basta pedir um cao lau.

Mas se nada do que você leu nos parágrafos anteriores abriu seu apetite, não se preocupe. Nos cardápios da cidade antiga, dá para pescar opções mais palatáveis ao gosto ocidental, desde um básico filé com fritas até traduções bem livres de espaguete à carbonara. Elas podem ser um socorro providenci­al para os paladares menos aventureir­os, mas custarão mais caro e não renderão experiênci­as gastronômi­cas arrebatado­ras.

Uma caminhada pela rua da orla do rio (Bach Dang) e pela paralela Nguyen Thai Hoc vai revelando uma sucessão de restaurant­es simpáticos, alguns com mesas em varandas ou pátios ao ar livre. Mas não perca a hora: às 22 horas, as cozinhas já estão encerrando o expediente.

Depois do jantar, faça a digestão atravessan­do a ponte para An Hoi e flanando pelo mercado noturno, com barracas que vendem luminárias de seda.

Por ali, carrinhos de rua e restaurant­es simples vendem pratos de US$ 1 a US$ 2 para os nativos. Arrisque um com ga (arroz cozido em caldo de frango, ervas, pedaços de frango e geleia de pimenta), se quiser ter uma amostra da comida do dia a dia vietnamita.

 ?? FOTOS THIAGO LASCO/ESTADÃO ?? Petisco. Rolinhos crocantes de pato servidos pelo The Little Menu derretem na boca
FOTOS THIAGO LASCO/ESTADÃO Petisco. Rolinhos crocantes de pato servidos pelo The Little Menu derretem na boca

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