MP vai investigar promotor por texto sobre negros
Publicação em rede social sobre uniforme de babá diz que negro é ‘catinguento’; Avelino afirma ter feito ironia
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, mandou abrir um procedimento para investigar o promotor José Avelino Grota por uma publicação em uma rede social. Em um grupo fechado na internet, Avelino escreveu que “negro em geral é catinguento, fede demais”.
Ao Estado e também em publicações no grupo MPSP Livre, no Facebook – onde o texto foi divulgado – o promotor afirmou que as mensagens são ironias contra decisão judicial que arquivou uma investigação sobre a exigência de uniformes brancos para babás em clubes paulistanos. “Foi ironia pura, sarcasmo”, disse Avelino.
O texto foi publicado entre os dias 25 e 26 de agosto. Nele, Avelino “convida à reflexão”. “Analisei, ponderei e cheguei a algumas conclusões. Vamos a elas. Pobre, em regra, é feio; babá, em regra, é pobre; logo, babá, em regra, é feia”, escreveu.
Na publicação, Avelino diz que “o uso da roupa branca pelas babás é uma solução muito adequada” e enumera razões. “Negro, em geral, é catinguento, porque sua muito e, não tomando a quantidade diária certa de banhos, acaba fedendo mais do que o recomendável.”
Avelino ainda escreveu que “a roupa branca também serve para que os novos capitães-domato, que nos clubes de ricos são chamados de seguranças ( e, mesmo sendo, em regra, negros, usam roupas pretas), possam ficar de olho nas babás.”
Segundo Avelino, o vazamen-
to do texto ocorreu um mês após a publicação. “Coincidentemente, na mesma semana, um colega do grupo, evidentemente de má fé, me representou na Procuradoria-Geral de Justiça e à Corregedoria, pela prática de racismo”, disse.
“Tenho a cor parda. Pelos critérios do IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
sou negro. No Censo do Ministério Público me identifiquei como negro. Seria uma insanidade”, afirmou.
Avelino disse que “procurou fazer uma crítica aos que, de alguma maneira, defendem a obrigatoriedade do uniforme branco como expressão de preconceito racial ou racismo”.