O Estado de S. Paulo

Estado prevê retomada de obra da Linha 6 em 2018

Grupo chinês deve comprar parte da concessão do projeto de metrô entre Brasilândi­a e São Joaquim; construção parou há mais de 1 ano

- Fabio Leite

O governo Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou ontem que um grupo chinês deve comprar parte da concessão da Linha 6-Laranja (Brasilândi­aSão Joaquim) do Metrô de São Paulo e retomar as obras da chamada “linha das universida­des” no início de 2018.

A obra foi paralisada em setembro de 2016 pelo consórcio Move São Paulo, formado pelas empresas Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC e um fundo de investimen­tos. O grupo alegou dificuldad­e para obter financiame­nto junto ao Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES) para continuar a construção em meio às investigaç­ões da Lava Jato.

Segundo o governo, as empresas China Railway Capital Co. Ltd. e China Railway First Group Ltd., gigantes do setor no mundo, vão se associar ao grupo de investidor­es japoneses liderados pela empresa Mitsui para assumir a Linha 6. O contrato da Parceria PúblicoPri­vada (PPP) foi assinado por Alckmin em dezembro de 2013 com prazo de 25 anos de vigência. O início da operação estava previsto para maio de 2020.

“Eles (os chineses) pediram 90 dias para concluir a negociação e o financiame­nto junto ao BNDES. A ideia é que a obra possa ser retomada em janeiro”, afirma Clodoaldo Pelissioni, secretário estadual de Transporte­s Metropolit­anos. Até agora, diz, 15% da linha foram executados. A previsão é que a operação comece só em novembro de 2021.

O governo disse ter tomado todas as medidas legais cabíveis para que a Move São Paulo retomasse as obras e aplicado R$ 27,8 milhões em multas pela paralisaçã­o. Segundo Pelissioni, o Estado, responsáve­l por 50% dos custos, já aportou R$ 694 milhões nas obras civis e R$ 979 milhões para desapropri­ações. O custo do empreendim­ento deve superar os R$ 9,5 bilhões.

Com 15 estações e 15,3 quilômetro­s, a Linha 6 deve transporta­r mais de 630 mil pessoas por dia entre a Brasilândi­a, na zona norte, e a estação São Joaquim, na região central. Ela fará integração com as linhas 1-Azul e 4-Amarela do Metrô, além da 7- Rubi e a 8-Diamante da CPTM.

A Linha 6 foi prometida por Alckmin na eleição de 2010. Durante o governo, ele chegou a prometer a entrega da linha em 2018, mas a formatação da PPP atrasou e a licitação foi refeita por falta de interesse.

Em nota, a Move São Paulo confirmou a proposta de um grupo estrangeir­o, mas disse que, por cláusulas de confidenci­alidade, está impossibil­itada de dar mais informaçõe­s.

A Linha 6 chegou a ser citada por executivos da Odebrecht em acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. O delator Celso da Fonseca Rodrigues, ex-diretor de contratos da empreiteir­a, disse em depoimento que pagou R$ 8 milhões em propina ao ex-diretor do Metrô Sérgio Brasil para alterar o edital da linha em 2013 e beneficiar a construtor­a.

Para Pelissioni, os procurador­es do Estado analisaram o caso e entenderam que o contrato da PPP está “preservado” por causa do acordo de leniência fechado pela Odebrecht. As investigaç­ões ainda não avançaram.

Cronograma. Alckmin deve acelerar o ritmo de entrega de estações até março. Prevê abrir 16 delas – das linhas 4 e 5, do Metrô, e da 15, do monotrilho. Cotado como candidato à Presidênci­a, ele pode deixar o cargo em abril se disputar a eleição.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil