O Estado de S. Paulo

Tecnologia foi aprimorada desde 1975

- F.C.

Por muito tempo acreditou-se que os microscópi­os eletrônico­s só serviam para fazer imagens de matéria inerte, porque os seus poderosos feixes de elétrons destroem o material biológico. Mas, em 1990, Richard Henderson conseguiu utilizar um microscópi­o eletrônico pa- ra gerar uma imagem tridimensi­onal de uma proteína em resolução atômica. Esse avanço provou o potencial da tecnologia.

Joachim Frank tornou a tecnologia aplicável de forma geral. Entre 1975 e 1986, ele desenvolve­u um método de processame­nto de imagens no qual as imagens borradas de um microscópi­o eletrônico são analisadas e mescladas para revelar uma estrutura tridimensi­onal clara e bem definida.

Jacques Dubochet adicionou água à microscopi­a eletrônica. A água líquida evapora no vácuo dos microscópi­os eletrônico­s, o que leva as biomolécul­as ao colapso. No início da década de 1980, Dubochet conseguiu vitrificar a água – ele a esfriou tão rapidament­e que ela se solidifico­u em torno de uma amostra biológica sem formar os cristais de gelo que perturbam o feixe de elétrons do microscópi­o, per- mitindo que as biomolécul­as mantivesse­m seu formato natural mesmo no vácuo.

A partir dessas descoberta­s, cada componente da microscopi­a eletrônica foi otimizado. A resolução atômica desejada foi alcançada em 2013 e os cientistas agora podem produzir rotineiram­ente estruturas tridimensi­onais de biomolécul­as.

Perfil. Nascido em 1942, em Ai- gle, na Suíça, Jacques Dubochet atua na Universida­de de Lausanne, em seu país natal. Joachim Frank nasceu em 1940, em Siegen, na Alemanha, e trabalha na Universida­de Columbia, em Nova York.

Richard Henderson nasceu em Edimburgo, na Escócia, em 1945 e é pesquisado­r ligado ao Laboratóri­o de Biologia Molecular MRC, em Cambridge, no Reino Unido./

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