O Estado de S. Paulo

Irã pode afastar EUA de aliados europeus

- Karen Deyoung e Carol Morello SÃO JORNALISTA­S

Adecisão de Donald Trump de revogar a certificaç­ão do acordo nuclear com o Irã pode causar divisão entre os EUA e seus aliados europeus. Nenhum dos três – Grã-Bretanha, França e Alemanha – acredita que o Irã esteja descumprin­do o acertado e cada um deles disse que não renegociar­á o acordo. A imposição de sanções dos EUA afe- tará bancos que fazem negócios no Irã, o que influencia­rá empresas desses países e seria considerad­o um ato inamistoso.

A antipatia republican­a de longa data em relação ao acordo voltou para assombrar seus criadores. Os negociador­es previam a chegada de um presidente americano que justificar­ia continuar nele, desde que o Irã cumprisse as suas obrigações, e não um adversário duro que tenha considerad­o o acordo um “constrangi­mento”. A cláusula de reversão em 60 dias foi planejada para punir o Irã rapidament­e no caso de violação do acordo e não prevê uma violação da parte dos EUA. Os europeus ficaram frustrados com o que consideram uma visão equivocada sobre o que diz o acordo e ao que ele se destinava. Enquanto Trump e outros críticos dizem que o Irã obteve um “reembolso” de US$ 100 bilhões, os europeus alegam que o dinheiro pertencia ao Irã e estava congelado em bancos ocidentais sob sanções.

Trump deve fazer um discurso na próxima semana, anunciando sua decisão. Pessoas familiariz­adas com o caso dizem que ele não certificar­á que o Irã está honrando seus com- promissos e declarará que manter o acordo não é mais do interesse dos EUA. Nada deve ocorrer imediatame­nte, pois a decisão será passada para o Congresso. Nesse caso, o Irã poderia declarar que os EUA violaram o acordo, uma afirmação da qual os europeus acreditam ser difícil de discordar. Isso os colocaria do mesmo lado que os outros dois signatário­s – China e Rússia – que apoiarão o Irã, deixando os EUA isolado.

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