O Estado de S. Paulo

‘Estado’ debate Mãos Limpas

Em parceria com CDPP, jornal promove encontro de Dallagnol e Moro com coordenado­res de operação italiana de combate à corrupção

- Marcelo Godoy

• O ‘Estado’ realiza no próximo dia 24 o Fórum Mãos Limpas/Lava Jato, que discutirá as operações de combate à corrupção realizadas na Itália e no Brasil, respectiva­mente.

Dois dos principais personagen­s da Operação Lava Jato, o juiz Sérgio Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol, e dois dos magistrado­s que coordenara­m a Operação Mãos Limpas, na Itália – Piercamill­o Davigo e Gherardo Colombo –, vão participar do Fórum Estadão Mãos Limpas e Lava Jato. O evento é uma parceria com o Centro de Debates de Políticas Públicas (CDPP). Ele vai ocorrer no dia 24 e será reservado para convidados.

“É o desempenho das instituiçõ­es que vai determinar as regras que vão proteger o País da corrupção”, disse a economista Maria Cristina Pinotti, diretora do CDPP. Ela e a jornalista Eliane Cantanhêde, colunista do Estado, farão a mediação do evento, que contará ainda com o jornalista João Caminoto, diretor de Jornalismo do Estado, e com o economista Affonso Celso Pastore, diretor do CDPP.

Estudiosa da corrupção, Maria Cristina defende a relevância das instituiçõ­es para o cresciment­o, a estabilida­de e o desenvolvi­mento econômico. “Desenvolvi­mento é uma noção mais ampla doque o mero cresciment­o de 2%,3%. É faze risso deforma sustentáve­l, com distribuiç­ão de renda e coma construção de bases para um ciclo longo.”

Para ela, as instituiçõ­es formais( leis, regras, regulações) devem proteger o Estado afim de que ele não seja atacado por grupos de interesses particular­es. É preciso, segundo ela, aumentar o custo e o risco da corrupção para os agentes que o praticam. Para tanto, medidas como a prisão após a condenação em segunda instância do Poder Judiciário são fundamenta­is. Ela cita o caso da Operação Mãos Limpas, no qual o mundo político reagiu criando regras que garantiram a impunidade dos corruptos.

Uma das consequênc­ias foi a deterioraç­ão das instituiçõ­es italianas, o que ajudou a travar o desenvolvi­mento da Itália em comparação a outros países da zonado euro, como França e Alemanha, e com quedana produtivid­ade desde o ano 2000.“A Itáli atem mui toanos ensinar, até mesmo para que o Brasil não repita seus erros.”

Pressão. Para Maria Cristina, é preciso que o País resista aos grupos de pressão que desejam aproveitar o momento de crise para aprovar mudanças para aumentar lucros ou privilégio­s. “Qualquer mudança institucio­nal de qualquer amplitude provoca reações fortes de quem sai perdendo. Não existe mudança institucio­nal neutra.” Maria Cristina diz que o ambiente ideal para fazer as reformas é “a luz do sol”. “Primeiro, é preciso denunciar os privilégio­s, mos- trando como eles estão afetando o interesse público.” Depois, ela entende ser necessária a eleição em 2018 de candidatos comprometi­dos com reformas.

“Hoje temos consciênci­a clara do que está errado, mas nossos representa­ntes no Parlamento são horrorosos. O que torna qualquer proposta de mudança institucio­nal arriscada.” O caminho para que a Lava Jato dê fru- tos, segundo ela, é a pressão da sociedade. “O caminho é a construção de legitimida­de e consenso na discussão. Essa é a única forma eficaz para organizar a sociedade civil que ficou apática durante décadas.” Não se trata, pois, de uma tarefa para uma pessoa. “Não existem salvadores da Pátria. Precisamos de lideranças. Na minha opinião, o papel da imprensa no Brasil é crucial.”

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ALEX SILVA/ESTADÃO Mediação. Maria Cristina Pinotti coordenará mesa no dia 24

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