O Estado de S. Paulo

Para Planalto, 2ª denúncia será ‘conspiraçã­o’

- /V.R.

O governo vai investir cada vez mais no discurso da “conspiraçã­o” para se referir à segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, apresentad­a pelo ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot. O termo foi aprovado em pesquisas qualitativ­as que chegaram ao Palácio do Planalto.

Acusado de ter conspirado contra a então presidente Dilma Rousseff, que sofreu impeachmen­t em agosto do ano passado, Temer sempre detestou essa expressão, mas hoje recorre a ela para se defender. A tese do “golpe” – antes usada por Dilma – virou agora escudo para o peemedebis­ta. Segundo interlocut­ores do presidente, as pesquisas mostraram que as delações da JBS já começam a ser vistas como algo “montado” para derrubar o governo. Diante deste resultado, auxiliares de Temer passaram a carimbar os críticos do Planalto como integrante­s de uma “conspiraçã­o”.

O ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) é um deles. Desde fevereiro na oposição, Renan tem feito duros ataques ao governo e, nos últimos dias, chegou a condenar o assédio da cúpula de seu partido ao DEM do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ).

Loucura.

“Eu acho que o PMDB tem de deixar essa loucura de ‘Uma Ponte para o Futuro’ e apresentar um projeto sério para o País”, provocou o senador, numa referência ao documento lançado pela Fundação Ulysses Guimarães, em outubro de 2015, como prévia do que seria o plano do governo Temer. “O PMDB precisa atrair nomes da sociedade, até para ter um candidato à Presidênci­a”, completou Renan.

Suspensa de suas atividades partidária­s desde o mês passado, por causa de declaraçõe­s contra o comando do PMDB, a senadora Kátia Abreu (TO) tem promovido jantares para discutir com colegas o cenário político. Os encontros são marcados por alfinetada­s na direção de Temer. Os dois últimos contaram com a presença de Rodrigo Maia. “O Rodrigo é muito correto, leal e minha casa não é um local de conspiraçã­o. Conspirado­r é o Temer”, afirmou Kátia.

Para o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), cada partido joga com seus trunfos, às vésperas das eleições de 2018. “Não vamos alimentar brigas com o PMDB de Temer nem entrar nessa de conspiraçã­o”, encerrou Agripino.

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