O Estado de S. Paulo

PSB abre diálogo e ensaia ‘volta às raízes’

Sigla avalia aproximaçã­o com PDT, Rede e PSDB para 2018 e reforça retomada da origem de centro-esquerda

- Pedro Venceslau Ricardo Galhardo

Pouco mais de três anos após a morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos em plena campanha presidenci­al, o PSB abriu canais de diálogo com Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB) para 2018 e ensaia uma “volta às origens” de centro-esquerda fazendo oposição ao governo do PMDB.

A cúpula da legenda aguarda para as próximas semanas uma debandada de deputados governista­s. Dirigentes calculam que entre 12 e 18 dos 36 deputados devem deixar o partido para continuare­m na base do governo Michel Temer.

Essa será a senha para o PSB reforçar o discurso de que voltou às suas origens de centro-esquerda. O PSB rompeu com a então presidente Dilma Rousseff em 2013, quando lançou Eduardo Campos. Em 2015 apoiou o impeachmen­t da petista.

Para viabilizar sua candidatur­a ao Planalto, em 2014, Campos inchou o partido levando nomes que tinham pouca ou nenhuma afinidade histórica e ideológica com a legenda. É essa ala do PSB que se rebelou quando a cúpula partidária decidiu que não indicaria nomes para o governo Temer.

O PDT fez uma oferta para que o PSB apoie Ciro Gomes que foi considerad­a generosa pela cúpula do partido: uma aliança horizontal.

Funcionari­a assim: o PSB apoiaria Ciro Gomes e o PDT em troca apoiaria todos os candidatos à governador pessebista­s. São dez candidatur­as, segundo o secretário-geral do PSB, Renato Casagrande, que também preside o Instituto João Mangabeira.

Entre elas estão São Paulo, Minas Gerais, Paraíba, Distrito Federal, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Pernambuco.

O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse que o fato de os dois partidos hoje estarem na oposição a Temer facilita a reaproxima­ção. “Houve um afastament­o durante o impeachmen­t ( o PSB votou a favor e o PDT, contra). Agora me parece que estão retomando o caminho de centro-esquerda”, disse Lupi.

Reciprocid­ade regional.

Segundo Casagrande, o PSB espera reciprocid­ade regional de quem estiver a seu lado. “Uma aliança nacional se estabelece com interesse nacional e os regionais”, afirmou ao Estado.

O secretário-geral do PSB disse que o partido ainda não descartou uma candidatur­a própria em 2018, mas revela que está dialogando hoje com o Ciro, Marina e Alckmin.

Em entrevista ao Estado, o ex-ministro Aldo Rebelo, recém-filiado ao PSB, considera que o partido tenha um projeto próprio para 2018 e se decidir apoiar um nome de outra legenda deve deixar a decisão para o ano que vem.

“O PSB deve estar aberto ao diálogo mas não pode ser satélite de outros partidos”, disse.

A relação com o governador paulista já foi mais próxima. A opção Alckmin é defendida internamen­te pelo vice governador de São Paulo, Márcio França. Ele era favorito para presidir o PSB, mas perdeu força com a nova fase “centro-esquerda” da sigla. A convenção foi adiada para 2018 e o pernambuca­no Carlos Siqueira deve ser reeleito presidente.

“Se Alckmin fizer uma aliança conservado­ra, não vai caber o PSB. Se for de centro-esquerda cabe”, disse Casagrande.

Sobre o PT, Casagrande des- carta um diálogo nacional. Mas regionalme­nte já há uma aproximaçã­o em vários Estados, o principal deles é Pernambuco. “A saída de Fernando Bezerra Coelho ( que foi para o PMDB) deu clareza à política de Pernambuco. A força de Temer lá está unificada”, afirmou.

Em entrevista a uma rádio do Recife, na semana passada, Câmara disse que não há, ao menos por enquanto, negociação com o PT, mas os sinais de reaproxima­ção são claros. Nas últimas semanas, o governador recebeu o senador Humberto Costa (PT-PE) e o ex-prefeito João Paulo Lima e Silva. Antes disso esteve com o ex-prefeito Fernando Haddad e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

João Paulo também descartou a aliança. Segundo ele, o partido quer lançar a vereadora Marília Arraes ao governo. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, espera desde julho por uma reunião com a cúpula do PSB.

“O PSB deve estar aberto ao diálogo mas não pode ser satélite de outros partidos.”

Aldo Rebelo

EX-MINISTRO E RECÉM FILIADO AO PSB

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TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO - 3/10/2017 Articulaçã­o. Renato Casagrande, secretário-geral do PSB, negocia com o PDT para 2018
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Vídeo. Veja a entrevista de Aldo Rebelo estadao.com.br/e/aldo-rebelo
NA WEB Vídeo. Veja a entrevista de Aldo Rebelo estadao.com.br/e/aldo-rebelo

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