O Estado de S. Paulo

FIÉIS DEIXAM DE FOTO A PRÓTESE

Sala das Promessas reúne milhares de objetos levados por devotos; museu de cera tem 70 estátuas de personagen­s históricos

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São tantas as provas de gratidão de devotos na Sala das Promessas que a administra­ção é obrigada a fazer rodízio entre elas. Há cerca de 87 mil fotos grampeadas no teto e centenas de objetos expostos nas vitrines. Manequins de noivas, fardas militares, armas de fogo e maquetes de casas e igrejas testemunha­m graças e milagres. Um capacete e um par de luvas de Ayrton Senna, levados pela família, são uma das principais atrações, ao lado de uma mochila usada por Renato Aragão em peregrinaç­ão a pé de São Paulo a Aparecida em 1999. Um militar identifica­do como Ornellas no crachá deixou seu uniforme camuflado do Exército dos Estados Unidos.

Os ex-votos chegam a 25 mil nas temporadas de mais movimento. Próteses de órgãos curados por supostos milagres são registrada­s na secretaria antes de serem mostradas ao público.

No corredor de entrada da Sala das Promessas, réplicas da canoa com os três pescadores reproduzem o encontro da imagem de Nossa Senhora. Quadros grandes contam os milagres que marcaram a história de Aparecida no século 19: o cavaleiro sem fé de Cuiabá, cuja montaria ficou com as patas grudadas na pedra da escadaria, quando ele tentou invadir a Matriz Basílica, a ceguinha de nascença que ficou curada ao chegar à igreja, o escravo cujas correntes se soltaram por intercessã­o da Virgem Maria, o resgate do menino Marcelino das águas do Rio Paraíba e o fenômeno das velas que se apagaram e voltaram a acender sozinhas. As correntes originais do escravo, de 7 metros e 3,2 quilos, estão expostas no Museu de Nossa Senhora Aparecida, localizado no primeiro e segundo andares da Torre Brasília, cujo mirante, no 16.º andar, oferece vista panorâmica da cidade e arredores.

No mesmo subsolo da Sala das Promessas, devotos encontram livrarias, lojas e banheiros. Um amplo refeitório está sempre aberto para quem traz lanches e marmitas de casa e não quer comer nos restaurant­es do Centro de Apoio aos Romeiros, que servem refeições a quilo. Uma passarela coberta liga o Centro de Apoio à Basílica. Entre as construçõe­s, um pátio aberto.

Complement­o da Sala das Promessas, a Capela das Velas queima, dia e noite, velas enormes trazidas pelos romeiros para pedir ou agradecer milagres ou ajuda de Nossa Senhora Apare- cida. Devotos caminham com as velas em procissão, cantando e rezando, antes de depositá-las junto a uma cruz de aço de 4 metros de altura, obra do artista sacro Cláudio Pastro, autor de toda a decoração do interior da basílica. Nos fins de semana mais movimentad­os, são retiradas em média dez toneladas de cera derretida da capela.

Museu de cera. Inaugurado em fevereiro de 2016, o Memorial de Devoção tem mais de 70 estátuas em tamanho natural, entre as quais as de Padre Cícero e da Beata Irmã Dulce. Antes de percorrer as galerias e salas de exposição, os visitantes assistem a um documentár­io de 15 minutos no Cine Padroeira, com exibição em 3D. O imperador Pedro I, que teria visitado a capela primitiva do atual Santuário Nacional dias antes do grito da independên­cia às margens do Ipiranga, é uma das figuras em destaque.

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Capela das Velas. Dez toneladas de cera a cada fim de semana

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