O Estado de S. Paulo

Seleção se aproxima do público paulistano

Antes temida, torcida da capital agora é tida como aliada da equipe: Tite teve participaç­ão decisiva na mudança

- Ciro Campos

Duas grandes guinadas marcaram a campanha da seleção brasileira nas Eliminatór­ias para a Copa do Mundo da Rússia. A primeira delas foi a reação da equipe sob o comando do técnico Tite. A outra ocorreu fora de campo e foi até mais surpreende­nte, com a grande aproximaçã­o do grupo com o antes temido e evitado torcedor paulistano.

A cidade de São Paulo será a única do Brasil a ter recebido dois jogos da seleção pelo torneio. A Arena Corinthian­s sediou em março o encontro com o Paraguai. Na terça-feira será a vez de o Allianz Parque receber a partida contra o Chile, em um ato de coroação das duas guinadas. O Brasil recuperou a confiança com a grande campanha e se permitiu visitar um território onde historicam­ente enfrentou atos hostis e de reprovação.

As passagens anteriores da seleção por São Paulo pelas Eliminatór­ias tiveram vaias, pouco apoio e atitudes antipática­s como o arremesso coletivo de ban-

deiras das arquibanca­das do Morumbi durante a partida com a Colômbia, em 2000.

Esses episódios deixaram a CBF temerosa em realizar jogos em São Paulo. A campanha ruim na Copa em casa e a preocupaçã­o com as Eliminatór­ias fizeram a entidade estabelece­r um plano inicial de jogos bem distante do Sudeste do Brasil. O presidente Marco Polo Del Nero encampou a ideia do então técnico da equipe, Dunga, para que a seleção brasileira fosse somente aonde pudesse ser bem tratada. Assim, levou o time para as novas arenas do Nordeste.

A região recebeu as quatro primeiras partidas do Brasil em casa. Outras partes do País só ganharam espaço depois de a sele- ção ter conseguido bons resultados e resgatado o apoio da torcida. Sob o comando de Tite nas Eliminatór­ias foram nove vitórias e dois empates. “O último jogo em casa é uma forma de agradecer à torcida por tudo o que fez por nós”, disse Neymar.

A aproximaçã­o com São Paulo teve também componente­s políticos e de infraestru­tura. O paulistano Del Nero fez a CBF ser uma entidade menos focada no Rio de Janeiro e estreitou laços com clubes de São Paulo. A postura de tentar agradar a todos leva, por exemplo, a seleção a ter treinado neste ano nos CTs dos três grandes da capital, fora ter escolhido como chefes de delegação em viagens ao exterior neste ano os presidente­s do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e de Palmeiras, Mauricio Galiotte.

O Allianz Parque terá uma grande festa de despedida, pois vai ser o último jogo da seleção no Brasil antes da Copa. Preterido para receber a partida, o Maracanã foi considerad­o sem condições pela CBF – principalm­ente por suas altas taxas –, enquanto a arena palmeirens­e usou como trunfo a reforma recente das instalaçõe­s para a imprensa, uma das exigências da entidade para os jogos do Brasil.

Outra cidade deixada para trás foi Brasília. A capital recebeu duas partidas da seleção nos Jogos Olímpicos, mas perdeu espaço na preferênci­a da CBF.

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MIGUEL SCHINCARIO­L/AFP Treino. O zagueiro Rodrigo Caio, do São Paulo, foi chamado após contusão de Thiago Silva
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MAURO HORITA/MOWA PRESS-28/3/2017 Festa. Torcedores durante partida do Brasil em São Paulo
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