O Estado de S. Paulo

Risco hidrológic­o é problema bilionário no setor elétrico

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A questão do risco hidrológic­o ganhou dimensões bilionária­s e pode travar o mercado de energia elétrica no Brasil. Esse custo não foi causado apenas pelas usinas de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio, mas também por decisões políticas do governo da ex-presidente Dilma Rousseff, que incluíram importação de energia, acionament­o de termoelétr­icas – mais caras –, uso de energia de reserva e atraso em obras de linhas de transmissã­o. Para não pagar essa conta, centenas de geradores de energia conseguira­m liminares na Justiça.

Uma das ações judiciais, da Abragel, entidade que representa pequenas centrais hidrelétri­cas, está no Supremo Tribunal Federal (STF). O governo tentou derrubá-la, na expectativ­a de que todas as de- mais liminares caíssem também, mas a investida não teve sucesso.

Desde 2015, o mercado de energia elétrica é afetado por essa situação e a inadimplên­cia acumulada deve chegar a números próximos dos R$ 3 bilhões, de acordo com o presidente do Conselho de Administra­ção da Câmara de Comerciali­zação de Energia Elé- trica (CCEE), Rui Altieri.

A proposta de acordo do governo federal prevê que essa conta seja paga de forma parcelada. Em troca, as usinas teriam direito à nova extensão do prazo de concessão. Destravar o mercado é prioridade para a União, que quer estimular a entrada de agentes para vender energia elétrica. Com o mercado parado, agentes com sobras de energia não têm estímulo para vender ou deixar de consumir, pois não receberiam os pagamentos. Isso impede a entrada no sistema de usinas de biomassa, que produzem energia com bagaço de cana, e desestimul­a a economia voluntária de indústrias que poderiam reduzir sua produção e liquidar excedentes no mercado livre.

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