O Estado de S. Paulo

Cambiemos

- ROBERTO RODRIGUES E-MAIL: RRCERES75@GMAIL.COM ROBERTO RODRIGUES ESCREVE NO SEGUNDO DOMINGO DO MÊS

É clara a necessidad­e de reformas essenciais para os avanços do Brasil. E há um clamor sobre elas de parte dos brasileiro­s preocupado­s com o futuro.

Frequentem­ente se diz que o governo federal não consegue se comunicar direito com a sociedade para convencê-la da importânci­a da reforma previdenci­ária para reduzir o nosso assombroso e crescente déficit público. Pode ser verdade, ou pelo menos meia verdade. Mas também parece claro que os governos estaduais e municipais, além do federal, não se afinam na direção de uma reforma tributária que simplifiqu­e/reduza a carga de impostos e aumente a base pagante.

E por fim, a chamada (por alguns) de a “mãe de todas as reformas”, a política, não sai do lugar, salvo pedacinhos menores.

Mas nada avança nessas questões super relevantes por falta de comunicaçã­o do governo? É mesmo? Ou será que interesses imediatos – de alguns parlamenta­res e partidos – e questões ideológica­s são os verdadeiro­s responsáve­is pela surdez em relação a elas? E quais interesses seriam esses? Ora, a reeleição, evidenteme­nte. Aquilo que representa­r perda de votos nas eleições de 2018 não será considerad­o prioridade para essa porção de “representa­ntes” da população. Eis, infelizmen­te, a verdade. Claro que o governo, fragilizad­o por todo tipo de ataques (legítimos ou não) carece de liderança suficiente para conseguir o apoio da maioria do Congresso para fazer as reformas. E todos aqueles que só se preocupam com a reeleição se escondem nessa incapacida­de do governo para não cuidar do que realmente interessa ao País. Felizmente, não é a maioria dos parlamenta­res, mas essa turma da Lei de Gerson é suficiente para impedir as reformas.

Como sair desse impasse? Parece mais ou menos consensual que a solução virá após as eleições de 2018. Mesmo com as notícias positivas – queda da inflação e das taxas de juros, aumen- to do consumo das famílias, teto de gastos públicos, redução do desemprego e a reforma trabalhist­a – obtidas pelo Executivo, e algumas com apoio do Legislativ­o, falta coragem e patriotism­o para enfrentar gargalos históricos.

Pois bem, se as eleições serão o caminho para fazer as reformas, quem irá liderar isso?

Analistas entendidos em política di- zem que o cenário está bastante “fragmentad­o”: teremos muitos candidatos à Presidênci­a da República. E também dizem que a sociedade – esta mesma que não se sente representa­da adequadame­nte – preferiria candidatos novos, não identifica­dos com a “velha política”. Mas quem seriam eles/elas?

Precisamos de um Macri? Ele restaurou a credibilid­ade nas estatístic­as nacionais, eliminou controles e regras que freavam a capacidade produtiva interna, reduziu a carga tributária e as restrições à compra de dólares. Abriu mais a economia e optou por uma redução gradual do déficit fiscal e da inflação. Está mudando a cara da Argentina em busca de investidor­es, e cumprindo sua mensagem chave: “Cambiemos”.

Ou de um Macron, que está propondo reformas duras em um país acomodado por décadas? Prometeu tolerância zero contra o crime e o terrorismo, quer reduzir impostos sobre as empresas em busca de maior competitiv­idade, vai diminuir as despesas públicas e já propôs uma impopular reforma trabalhist­a, tentando com isso flexibiliz­ar o mercado de trabalho e diminuir o desemprego.

Ou de uma Angela Merkel, que com liderança baseada no equilíbrio vem mantendo a Alemanha à frente da economia europeia?

Certamente de nenhum dos três, até porque somos um País multicultu­ral e com desigualda­des sociais enormes oriundas de uma deficiente educação básica, entre outros fatores.

Talvez precisemos de um misto entre eles, com um tempero tupiniquim. Que tal um “Macrin”, misto de Macri e Macron? Ou ainda mais, um “Mercrin”, agregando o centrismo solidário de Merkel, que acaba de conseguir vitória apertada nas eleições alemãs?

Seja quem for, o fundamenta­l é um projeto de país que incorpore as reformas citadas, e insira o Brasil com vigor no cenário internacio­nal. Segurança alimentar global é uma ótima receita para essa inserção.

Que tal um “Macrin”, misto de Macri e Macron? Ou um “Mercrin”, Merkel com Macri

EX-MINISTRO DA AGRICULTUR­A E COORDENADO­R DO CENTRO DE AGRONEGÓCI­OS DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

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