A VIDA DE QUEM ESTÁ FORA DA REDE
Agricultores não querem ser ‘reféns’ da tecnologia
As frases “me adiciona no Facebook” ou “anota o meu Whatsapp” não fazem parte do vocabulário do casal de gaúchos Antônio e Juliana Colling. Os agricultores, que vivem na zona rural de Santa Maria do Herval, cidade da Serra Gaúcha com pouco mais de 6 mil habitantes, fazem parte da parcela de brasileiros que vivem desconectados. “Vivemos totalmente fora deste novo mundo”, afirmou Juliana, de 57 anos, em meio a gargalhadas.
O dia do casal de agricultores começa antes do alvorecer. “Acordamos às 5h30, ainda está escuro. Preparo o chimarrão e ligo meu radinho de pilhas para saber das notícias”, conta ela. O casal ganhou seu primeiro celular de presente há dois meses, mas ainda não sabe usá-lo. “Não quero ficar refém.”
Na região onde o casal reside, a cerca de 25 quilômetros no interior de Santa Maria do Herval, o sinal de telefonia móvel nem sequer funciona, quanto mais a banda larga móvel.
Avesso à tecnologia, Antônio destaca as desvantagens de viver no mundo virtual. Quando visita sua irmã e seus sobrinhos, que moram na cidade de Novo Hamburgo, ele diz que eles não tiram os olhos do celular e é até difícil conversar com eles.
“Ao mesmo tempo em que dizem que a internet aproxima as pessoas, ela também afasta, distancia”, lamenta o agricultor. “Aqui em casa, se eu quero falar com um amigo, eu pego o telefone e ligo ou vou até a casa dele. Se quero saber das notícias, tenho o rádio para me informar.”