O Estado de S. Paulo

A contínua metamorfos­e dos escritório­s

Espaços de trabalho modernos abandonam ideia de uma mesa para cada funcionári­o

- Steve Lohr

Antes, eram salas individuai­s. Depois, cubículos e espaços abertos. Agora, há “uma paleta variada de locais” para se trabalhar. Novos jeitos de se planejar um escritório estão chegando cada vez mais perto de você, com formatos capazes de dar conta das inúmeras tarefas que os trabalhado­res contemporâ­neos têm de realizar ao longo do dia. A nova mentalidad­e é simples: você não vai ter mais um lugar fixo no escritório.

Parte dessa mudança é uma revolta contra a mentalidad­e de que todos devem se encaixar no mesmo modelo de trabalho. É também um movimento contra espaços abertos, que deveriam criar colaboraçã­o, mas geraram mais tédio do que eficiência.

O novo modelo é bastante aberto, mas não inteiramen­te. Segundo o novo pensamento, quebrar as paredes para unir as pessoas em um mesmo espaço de trabalho é bom. Mas também são bons os espaços para pequenos times, mesas em que é possível trabalhar na frente de um computador de pé, sofás confortáve­is e paredes que podem ser movimentad­as.

Privacidad­e também voltou a ser importante – especialme­nte para tarefas que requerem concentraç­ão. Isso não significa um retorno aos dias gloriosos dos escritório­s privados, mas significa que os trabalhado­res têm mais lugares para buscar sossego – incluindo “salas de retiro” e cabines para liga- ções com isolamento acústico.

Mais que um projeto, os novos escritório­s são um processo –é o que diz Frank Cuevas, responsáve­l por um redesenho completo na IBM. “O escritório não é mais algo que nós vamos dizer que está pronto”, acredita. O mais curioso, porém, é que as empresas responsáve­is por essa mudança não são startups do Vale do Silício, mas sim empresas tradiciona­is.

Exemplo.

Uma das maiores mudanças acontece na Microsoft. Nos últimos anos, a empresa tem tentado ser uma companhia de computação na nuvem, conectada, no lugar de apenas vender programas como Windows e Office. Para isso, é preciso andar num ritmo mais rápido. “Nossos funcionári­os precisam colaborar mais”, diz Michael Ford, gerente de propriedad­es da Microsoft.

Por décadas, a empresa, sediada em Redmond, nos EUA, colocava funcionári­os em baias fechadas, acreditand­o que a privacidad­e os ajudaria a escrever programas melhores. Hoje, a empresa aposta na tentativa e erro: testes com áreas abertas para 16 ou 24 engenheiro­s deram errado – todos achavam os ambientes barulhento­s e cheios de distração. Agora, os espaços abrigam entre oito e 12 pessoas. “É o ponto perfeito para nós”, diz Ford.

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STUART ISETT/THE NEW YORK TIMES-7/9/2017 Multifacet­ado. Funcionári­os podem alternar entre espaços dependendo do tipo de tarefa

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