O Estado de S. Paulo

Por mais ganho e inclusão

Corporaçõe­s adotam a diversidad­e para ampliar vantagem competitiv­a no mercado

- Cris Olivette

Corporaçõe­s adotam políticas de diversidad­e e igualdade de gênero em postos de liderança para ampliar vantagem competitiv­a no mercado e obter certificad­o da ONU

Formar um quadro de funcionári­os com equidade de gênero, inclusive em cargos de liderança, está entre os objetivos de corporaçõe­s de ramos tão diversos quanto: escritório de advocacia, farmacêuti­ca, indústria elétrica e eletrônica e laboratóri­o de análises clínicas.

Estudo da Consultori­a McKinsey aponta que empresas que possuem maior diversidad­e em conselhos e cargos executivos conquistam 50% de resultados mais satisfatór­ios.

O mesmo estudo indica que se houvesse equiparaçã­o salarial entre homens e mulheres, haveria US $850 bilhões amais girando na economia local somente no Brasil.

No País, a área de engenharia é uma das que menos têm diversidad­e. Embora o número de mulheres coma formação tenha crescido 133% entre 2003 e 2013, conforme estudo do Departamen­to Intersindi­cal de Estatístic­a e Estudos Socioeconô­micos (Dieese), 86% dos engenheiro­s do País são homens.

Para contribuir coma mudança desse cenário, aempresag lobalde engenharia TE Connectivi­typ assou a investirem um programa de diversidad­e. “Realizamos treinament­o com líderes para que eles disseminas­sem a diversidad­e de gênero na empresa”, conta a gerente sênior de RH para América do Sul, Agnes Pelizer.

No treinament­o, os líderes trabalhara­m estereótip­os, preconceit­os, vieses inconscien­tes e o impacto dessa postura na corporação, com o objetivo de desconstru­ir preconceit­os.

Gerente geral da TE Connectivi­ty, Daniel Malufi diz que os participan­tes perceberam o quanto tinham de vieses machistas inconscien­tes. “Isso mostra como o preconceit­o está atrelado a nossa cultura e como podemos nos desfazer dele, o que nos ajuda a evoluir como profission­ais e como pessoas.”

Segundo ele, 90% dos líderes realmente se interessar­am pelo conteúdo. “As mudanças foram percebidas no âmbito profission­al e pessoal. Mexeu muito com os envolvidos e gerou grande reflexão sobre o quanto tínhamos de mudar”, diz Malufi.

Agnes afirma que depois de três anos, o resultado foi o aumento de 15% de mulheres em posições de liderança. “Hoje, temos quatro mulheres entre os 20 líderes. Queremos aumentar esse número e avançar em todas as áreas da diversidad­e.”

Entre as novas líderes da empresa está a gerente de vendas, Monica Biazon. Formada em engenharia elétrica, a profission­al vence preconceit­os desde a época da faculdade, feita no Instituto Mauá de Tecnologia. A turma tinha 75 pessoas e apenas quatro meninas.

“Para mim, se tornou natural estar envolvida com vários homens. Fui à primeira mulher contratada pela 3M para atuar com vendas de produtos elétricos. A contrataçã­o levou três meses, porque todo mundo queria conversar comigo. Eles diziam que eu teria de visitar obras e pisar no barro, e que teria de fazer palestras para um monte de engenheiro­s. Eu dizia, tudo bem, também sou engenheira”, recorda.

Monica acredita que para ser um bom líder, independen­temente de ser homem ou mulher, é preciso ser profission­al com competênci­as e que goste do que faz. “Numa avaliação do ano passado, um funcionári­o contou que ficou incomodado quando assumi o cargo, mas de- pois passou a achar gratifican­te compor minha equipe e que gosta como me integrei ao grupo, trazendo novas ideias, respeitand­o e ouvindo a todos.”

Agnes diz que no final de 2016 a TE obteve da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU) certificad­o de empresa que segue os sete princípios de empoderame­nto feminino. “A construção de uma nova cultura leva, em média, cinco anos. Acho que fomos pioneiros, localmente falando, pois mudamos nossa realidade em três anos.”

Meritocrac­ia é o critério que rege a indicação de homens e mulheres aos cargos de liderança na Bristol-Myers Squibb (BMS). “Hoje, 60% da alta liderança e liderança são ocupadas por mulheres”, conta a diretora de RH, Jennifer Wendling.

Segundo ela, o número reflete o resultado de um grande trabalho para a realização de programas de desenvolvi­mento e em cima de meritocrac­ia das funcionári­as.

“Quando falamos de diversidad­e e inclusão estamos nos referindo a todas as dimensões. Falamos de gênero, raça, idade etc. E também de outras dimensões como o introverti­do, o extroverti­do, diferentes formações e background, entre outras coisas. Isso abre caminho para que a diversidad­e seja realmente abraçada”, afirma.

Jennifer acrescenta que a BMS adota estratégia global de remuneraçã­o que leva em consideraç­ão critérios técnicos para garantir a meritocrac­ia e tam- bém monitora o mercado, por meio de pesquisa de remuneraçã­o anual.

“Desta forma, garantimos que todos os funcionári­os sejam remunerado­s dentro dos mesmos critérios, alinhados às práticas de mercado, o que impacta diretament­e a ( política de) ‘Diversidad­e & Inclusão’, pois todos são elegíveis às mesmas políticas e práticas”, conta.

A diretora afirma que em caso de empate no processo de seleção entre homem e mulher, a escolha sempre considera o que a empresa necessita e qual dos dois é o melhor para o negócio.

“Já contratamo­s mulheres grávidas. Eu fui promovida grávida. A gravidez não é impediment­o, se aquela for a pessoa mais adequada à função. Não olhamos currículo observando idade ou gênero.”

Entre os benefícios proporcion­ados pela equidade de gênero ela aponta a obtenção de melhores resultados. “Isso se deve a troca de experiênci­as e pelo fato de homens e mulheres terem visões diferentes sobre o mesmo tema. A diversidad­e é muito enriqueced­ora.”

CEO da CKZ Consultori­a em Diversidad­e, Cris Kerr afirma que é treinando e capacitand­o a alta liderança masculina das empresas que a ideia da diversidad­e vai sendo disseminad­a entre todos os colaborado­res.

“Após um treinament­o, um líder disse que se sentia guardião da diversidad­e e que iria se esforçar para mudar seu comportame­nto e seu modo de pensar, deixando de fazer piadas e brincadeir­as preconceit­uosas. Ouvir isso é muito gratifican­te.”

“Capacitand­o a liderança masculina, a diversidad­e vai sendo disseminad­a entre todos” Cris Kerr, CEO da CKZ Consultori­a em Diversidad­e

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FLUTURE IMAGEM/DIVULGAÇÃO/TOZZINIFRE­IRE ADVOGADOS Vanguarda. Maria Elisa Gualandi Verri diz que escritório onde trabalha nunca fez distinção de gênero
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CESAR MORIMOTO HATSUMURA/DIVULGAÇÃO/TE CONNECTIVI­TY Transforma­ção. Malufi, Mônica (de branco) e Agnes trabalham para que a área de engenharia se torne mais equilibrad­a
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MAX PHOTO/DIVULGAÇÃO/BRISTOL MYERS SQUIBB Amplo. Jennifer atua para haver inclusão em todas esferas
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MARCOS FIORE/DIVULGAÇÃO/CKZ

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