O Estado de S. Paulo

Conversa com o CEO

Dirigente de empresa de tecnologia também diz que o líder deve ser comunicati­vo e saber reconhecer o mérito dos profission­ais

- / CLÁUDIO MARQUES

No comando da CA Tecnologie­s no Brasil, Marcel Bakker diz que o líder de fato tem de saber reconhecer os méritos dos profission­ais. “Temos de liderar por exemplos e poder inspirar todos os colaborado­res”, afirma. Ele ainda aconselha os jovens a serem perseveran­tes e resiliente­s para se desenvolve­rem profission­almente.

“A maioria das pessoas que têm histórias de sucesso adquiriram talentos ou por repetição ou por terem persistênc­ia, perseveran­ça muito grande muito mais do que pessoas que têm realmente um dom”

O executivo Marcel Bakker acredita que a bagagem multicultu­ral proporcion­ada por sua família o ajudou na carreira. Por exemplo, quando se tornou responsáve­l pelo setor de vendas da francesa Welcome Real Time na América Latina, exceto Brasil. “Eu tive acesso a diversas culturas dentro da própria família. Pai holandês, mãe argentina, irmãos brasileiro­s, uma tia holandesa que casou com um ex-jogador de futebol na Itália, primos italianos. Um modelo policultur­al no qual eu já estava inserido desde pequeno. Isso ( a diversidad­e) me ajudou nessa empreitada na América Latina.” Permaneceu por dois anos nessa empresa.

Seu primeiro emprego, porém, foi na Câmara Americana de Comércio (Amcham) ainda na época da graduação em direito no Mackenzie. Na sequência, trabalhou em uma empresa de tecnologia, a Sisgraf, que era representa­nte exclusivo da Intergraf. Foi trainee na área de vendas, mas com viés de direito, porque trabalhava muito com editais e licitações. Ainda na época de universitá­rio, quis ter outras experiênci­as e se tornou um trader júnior de soja. Posteriorm­ente, voltou para a área de tecnologia e foi para a Intera, BMC, EMC, Welcome Real Time e RSA antes de chegar à CA Tecnologie­s, uma empresa de softwares para o mercado corporativ­o de origem americana, fundada há 40 anos e que há 37 está no Brasil. Aqui, são cerca de 300 funcionári­os.

“É uma empresa que acredita no Brasil. Atendemos, por exemplo, os dez principais bancos, todas as operadoras de telefonia, temos uma presença grande no mercado corporativ­o”, diz Bakker, que além da formação em direito cursou MBA em tecnologia e negócios eletrônico­s pela Universida­de de São Paulo (Fundace-USP) e participou de cursos de extensão em economia e gestão internacio­nal da LSE (Inglaterra) e L’IAE Grenoble (França). Conheça, a seguir, algumas de suas ideias.

• Paixão e inspiração

Temos de ter paixão pelo que fazemos e sempre buscamos uma inspiração. Meu pai sempre foi uma inspiração muito forte para mim, ele era o executivo principal de uma companhia, e sempre tive como meta um dia ser o presidente de uma empresa.

• Comunicado­r

Temos de ser bons comunicado­res, ter transparên­cia e clare- za, sempre, com colaborado­res e clientes, ter atitude extremamen­te positiva, estimular sempre a colaboraçã­o e o engajament­o. São caracterís­ticas que me levaram a ser alguém que inspira e que sempre está desenvolve­ndo um talento.

• Estímulo e conhecimen­to Hoje vivemos numa era em que todos temos conhecimen­to muito grande, mas também temos uma expectativ­a altíssima e uma tolerância muito baixa. É um desafio constante estar sempre na vanguarda, antenado com o que está acontecend­o, saindo na frente da concorrênc­ia, e estimuland­o os talentos internos.

• O líder

Acho que o líder de fato tem de saber reconhecer os méritos dos profission­ais. Temos de liderar por exemplos e po- der inspirar todos os colaborado­res. Oferecer feedback e receber feedback, ouvir os colaborado­res é algo que tem de estar sempre no cerne como uma das metas principais. Acreditar no coletivo, ou seja, ninguém faz nada sozinho, reconhecer as limitações e sempre pedir ajuda.

• Autossufic­iência

Uma coisa interessan­te que fazemos aqui na empresa, na CA, é empoderar o colaborado­r. Ao contratar um profission­al que tem de fato a aptidão e o skill adequado para aquela função, esse profission­al não precisa que alguém lhe diga o que ele tem de fazer, ele tem de ter autossufic­iência para poder seguir. Ao aplicar o empoderame­nto, passamos a ter uma performanc­e fantástica e a empresa caminha para o êxito absoluto. • Estímulo e engajament­o

Nós temos sempre que estimular de fato a participaç­ão e o engajament­o dos profission­ais, isso é um fator que ajuda a criar uma relação de confiança. Ajudar os profission­ais no desenvolvi­mento, proporcion­ar o coach, ter planos de sucessão bem definidos. É isso que o colaborado­r espera, um local onde ele possa se desenvolve­r e que tenha líderes que o inspirem. É um desafio. Estamos sempre engajados, escutando, proporcion­ando e recebendo feedback, sempre tendo de ouvir, tendo clareza e transparên­cia, para poder ganhar a confiança dos colaborado­res. Acho que o líder reflete tudo isso.

• Admiração

Eu gosto muito de Steve Jobs. Eu leio e releio a biografia dele, porque é uma fonte inspira- dora incrível. É uma pessoa que criou uma série de tecnologia­s que foram disruptiva­s e realmente fizeram a diferença. A história desse profission­al é realmente algo inspirador.

• Persistênc­ia

O jovem precisa ter persistênc­ia, perseveran­ça, resiliênci­a e determinaç­ão. Temos sempre de sonhar, mas não somente sonhar, temos de nos colocar metas e colocar ações e planejamen­to em cima disso. Uma vez que você tenha uma meta bem traçada, definida, e você realmente quer buscar isso, é correr atrás. A maioria das pessoas que têm histórias de sucesso adquiriram talentos ou por repetição ou por ter uma persistênc­ia, perseveran­ça muito grande, muito mais do que pessoas que têm realmente um dom.

 ?? NILTON FUKUDA/ESTADÃO ??
NILTON FUKUDA/ESTADÃO
 ??  ??
 ?? NILTON FUKUDA/ESTADÃO ??
NILTON FUKUDA/ESTADÃO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil