O Estado de S. Paulo

DE DEVEDORA A CONSELHEIR­A

Ex-endividada ensina a sair do sufoco financeiro

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Em nove meses, Patrícia Lages comprou e fechou uma loja de lingerie em shopping de São Paulo, saindo da experiênci­a com dívida de US$ 150 mil.

“Apesar de os produtos não serem importados, tinha muito aviamento e tecido importado. Eu não sabia, mas no desespero assinei confissões de dívidas em dólar.”

Hoje é dona da marca Bol- sa Blindada, que oferece cursos e palestras sobre como negociar dívidas, e diz que o problema do devedor é ele se achar a pior pessoa do mundo.

“Na hora de cobrar, as pessoas trabalham muito em cima do lado psicológic­o do devedor. Eu me sentia muito mal e quando alguém propunha parcelar a dívida eu assinava, porque calada eu já estava errada.”

Para sair dessa situação, ela teve de estudar como fazer a gestão financeira da dívida. “Descobri que não havia um local no qual pudesse pegar informaçõe­s gratuitas e não podia pagar consultori­a. Aprendi sozinha, por tentativa e erro, e desenvolvi um método de finanças pessoais para me organizar.”

Segundo ela, depois de 11 meses e

21 dias, tinha conseguido quitar todas as dívidas. “Paguei porque aprendi a negociar. Também aprendi que dívida é um produto. Eu devia para 21 fornecedor­es e levantei tudo o que eu tinha para negociar com eles, como os móveis da loja, com os quais quitei uma dívida de R$ 25 mil. Deixei os bancos por último.” Patrícia devia R$ 18 mil e tinha R$ 6 mil para negociar. “O gerente propôs abater metade da dívida. Falei que se ele não aceitasse, iria oferecer para outro banco, porque devia para três. Na terceira tentativa ele aceitou, afinal, já estava pagando o dobro da dívida por conta dos juros.”

Ter expertise em fazer um negócio dar errado, conforme ela mesma define, serviu de inspiração para saber como falar com empreended­ores endividado­s, que queriam pagar e não podiam.

“Eu sabia de tudo isso na prática. Então, passei a ensinar as pessoas a saírem do buraco. Meu trabalho também passa pela questão emocional, de dizer que devedor não é bandido. Tratar o público de forma mais pessoal foi o pulo do gato.”

O Bolsa Blindada começou como um blog, em 2011. Hoje, além do blog, tem loja virtual para vender os quatro livros que já publicou e pelos quais recebe royalties sobre as vendas, realiza palestras e oferece cursos online.

“Desenvolvi vários produtos que me proporcion­am renda. Diversific­ar a renda é o grande lance ao empreender, porque quando uma coisa não está dando certo a outra atividade cobre.”

Patrícia também coordena a área administra­tiva e financeira do estúdio fotográfic­o do marido e há dois anos tem um quadro semanal no programa Mulheres, da TV Gazeta, no qual desenvolve pautas sobre finanças.

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Patrícia. ‘Eu sabia tudo isso na prática e passei a ensinar as pessoas a saírem do buraco’

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