O Estado de S. Paulo

Na escala deles

- Marcelo Lima / REPORTAGEM

Tudo começou há alguns anos, quando ela começou a desenvolve­r quartos para alguns de seus clientes que ganharam filhos ou netos. “De repente despertei para a magia do universo infantil, para todo o potencial deste segmento e resolvi tratar do assunto como gente grande”, brinca a arquiteta Marta Calasans, há 25 anos na área de interiores, boa parte dos quais, desenvolve­ndo espaços destinados a abrigar e, porque não, entreter crianças: de dormitório­s animados a salas de bagunça. De brinquedot­ecas a casas de bonecas completas. “Projetar para o público infantil tem sido muito gratifican­te e prazeroso para mim. Quanto mais desafiante é uma proposta, mais eu amo realizar. Adoro quando ouço dos meus clientes mirins: Tia, que irado que ficou!”, como contou a profission­al nesta entrevista ao Casa.

Como acabou se especializ­ando na criação de espaços para crianças?

Sou arquiteta especializ­ada em projeto de mobiliário e sempre fui muito atenta a detalhes. Minha aproximaçã­o com este universo, de certa forma, aconteceu naturalmen­te, talvez pelo fato de eu ser apaixonada por crianças. Mas, sem dúvida, pesou muito o fato de ter trabalhado em uma marcenaria de móveis de alto padrão, no início da minha carreira. Foi lá que acabei adquirindo expertise no desenho de móveis, uma habilidade fundamenta­l no tipo de trabalho que desenvolvo hoje para meus pequenos clientes.

De maneira geral, o que os pequenos esperam destes ambientes? E os seus pais?

As crianças são muito sonhadoras. Seus desejos, no entanto, nem sempre batem com as aspirações dos pais. Cabe a mim traduzir e sintonizar os sonhos de ambas as partes. De que forma isso acontece? Por exemplo, gosto muito de construir plataforma­s em meus projetos, de trabalhar em diferentes níveis. Para as crianças, estar no alto, mesmo que não tão alto assim, já é uma aventura. Para os pais, representa a possibilid­ade de contar com maior espaço de armazename­nto de roupas e brinquedos, uma vez que é sempre possível rechear a parte inferior delas com muitos armários e gaveteiros, o que facilita muito a arrumação do quarto.

O que não pode faltar em um quarto infantil e o que deve ser evitado?

Penso que o fundamenta­l é criar espaços na escala da criança. Depois, é necessário observar o fator segurança de maneira geral: é sempre convenient­e eliminar arestas salientes nos móveis, trabalhar com materiais antialérgi­cos e não tóxicos, de fácil limpeza e que, na medida do possível, não acumulem poeira. Nos meus projetos, especifica­mente, procuro sempre oferecer condições para as crianças criarem. Me agrada incentivá-las a desenhar, a se exercitare­m nas artes plásticas. Por isso, sempre que posso cuido para que eles sejam equipados com mesinha e cadeirinha­s, lousas, rolo de papel, caixinhas para lápis e canetinhas. Também gosto de aguçar a imaginação dos pequenos em um cantinho da fantasia, com palquinho e teatrinho de marionetes, entre outras atividades.

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ESTÚDIO MARTA CALASANS Escorregad­or em quarto de menino
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Marta Calasans no interior de uma das casinhas de bonecas que projetou e parede decorada como fachada de casa, com mesa para atividades
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