Vídeo polêmico causa novo estresse entre tucanos de SP
Prefeito não consultou assessores e aliados antes de gravar sua resposta ao ex-governador Alberto Goldman pelo celular em Belém
A decisão do prefeito João Doria de publicar vídeo nas redes sociais em resposta a Alberto Goldman (PSDB), no qual diz que o ex-governador é “fracassado”, “improdutivo” e “vive de pijamas” em casa, foi considerada um erro por auxiliares e aliados do tucano. O temor é de que o material sirva de munição para adversários. Doria disse a interlocutores que esse foi o 16.° vídeo de Goldman contra ele, e que decidiu responder desta vez por ter sido muito ofensivo.
A decisão do prefeito João Doria de publicar um vídeo nas redes sociais em resposta ao ex-governador Alberto Goldman (PSDB) no qual o chama de “fracassado”, “improdutivo” e que “vive de pijamas” em casa foi considerada um erro por auxiliares e aliados do tucano, que temem que o material sirva de munição para adversários em uma eventual campanha ou disputa interna no PSDB.
A avaliação é de que a fala possa ser usada para desgastar Doria entre aposentados e desempregados, além de vitimizar o ex-governador, que fará 80 anos no próximo dia 12.
O prefeito não consultou assessores e aliados antes de gravar sua resposta pelo celular no começo da manhã de sábado em Belém, pouco antes de em- barcar em um barco alugado pela cantora Fafá de Belém para acompanhar a procissão fluvial do Círio de Nazaré.
“Hoje meu recadinho vai para você, Alberto Goldman, que viveu sua vida inteira na sombra de Orestes Quércia e do José Serra. Você é um improdutivo, um fracassado. Você coleciona fracassos na sua vida e agora vive de pijamas na sua casa”, afirmou Doria no vídeo. “Viva com a sua mediocridade que fico com o povo”, disse.
Também em vídeo, Goldman havia dito antes que falta ao prefeito “comprometimento com a cidade” e acusou a administração de dirigir licitações.
Doria disse a interlocutores que esse foi o 16.º vídeo do exgovernador contra ele, e que decidiu responder desta vez porque ele foi muito ofensivo.
Aliados e pessoas próximas ao governador Geraldo Alckmin, que assim como Doria pleiteia a vaga de candidato do PSDB à Presidência, telefonaram para Goldman para prestar solidariedade. A avaliação reservada de parte da cúpula estadual tucana é de que as declarações de Doria podem ter o mesmo efeito, em uma eventual campanha, da frase de Ciro Gomes na disputa presidencial de 2002, quando ele afirmou que a função de sua mulher na época, a atriz Patricia Pillar, era “dormir com ele”.
“Discordo que o vídeo tenha
potencial negativo para além do episódio. Não tem o mesmo peso da frase do Ciro. São circunstâncias distintas, personagens também”, disse o secretário de Comunicação da Prefeitura, Fábio Santos.
Cliques. Ao Estado, Goldman disse que nunca teve tantas visualizações e cliques nas redes sociais como nesse episódio. “A repercussão do que digo nas redes sociais geralmente é pequena. Dessa vez tive 150 mil visualizações. Desde domingo meu te-
lefone não para de tocar.”
Aliados de Doria no PSDB saíram em defesa do prefeito. “Chamar Doria de traidor não é um desabafo do Goldman, mas uma estratégia montada não sei por quem. Não acho que foi coincidência o vídeo sair no dia da pesquisa Datafolha”, afirmou o deputado estadual Fernando Capez (PSDB).
De acordo com o levantamento, o porcentual de pessoas que rejeitam a administração Doria foi de 22%, em junho, para 26% neste mês.
Juntos. Alckmin participou ontem de uma solenidade ao lado de Doria na qual autorizou um repasse de R$ 14 milhões para a Prefeitura de São Paulo, por meio do Fundo Estadual de Assistência Social (Feas).
O governador não quis falar sobre a polêmica dos vídeos. O evento foi realizado no Palácio dos Bandeirantes e também teve a participação do secretário de Estado de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, que é pré-candidato ao governo nas eleições de 2018.
“Chamar Doria de traidor não é um desabafo do Goldman, mas uma estratégia montada não sei por quem.” Fernando Capez (PSDB)
DEPUTADO ESTADUAL