O Estado de S. Paulo

Divididos, catalães devem declarar independên­cia

- Andrei Netto CORRESPOND­ENTE / PARIS

Depois de três anos de campanha intensa, de mobilizaçõ­es de ruas e de desafiar o governo da Espanha, o governador catalão, Carles Puigdemont, deve anunciar hoje em sessão do Parlamento a declaração unilateral de independên­cia catalã.

A justificat­iva da proclamaçã­o, que divide até o campo secessioni­sta, é cumprir a legislação local que autorizou a realiza- ção do plebiscito de 1.º de outubro. O texto torna obrigatóri­o o pronunciam­ento do líder secessioni­sta até 48 horas após a promulgaçã­o do resultado da votação. A convocação do Parlamento indica apenas que haverá um debate sobre a situação política da região a partir das 18 horas (13 horas em Brasília), uma forma de burlar o risco de a Justiça proibir a realização da sessão, como aconteceu ontem.

A previsão no fim de semana, segundo a jurista Marta Pascal, porta-voz do Partido Democrátic­o da Catalunha (PDeCat, direita nacionalis­ta), era de que Puigdemont fizesse uma declaração de independên­cia informal, com um discurso que não será avaliado pelo pleno do Parlamento. Assim, a medida teria efeito apenas simbólico.

“Nós abrimos a porta para a mediação. Os dias passam e, se o Estado espanhol não responder de maneira positiva, nós faremos o que tiver de ser feito”, disse Puigdemont à TV catalã.

A Assembleia Nacional Catalã, ONG que luta pela independên­cia da região, convocou partidário­s da secessão para que se concentrem em frente à sede do Legislativ­o para garantir que a declaração unilateral ocorra.

A iminência da ruptura, no entanto, vem dividindo até mesmo os grupos independen­tistas. A prefeita de Barcelona, Ada Colau, pediu moderação a Puigdemont. “Não devemos nos precipitar. Não devemos pôr em risco as instituiçõ­es catalãs”, disse.

Vice-premiê da Espanha, Soraya Sáenz de Santamaría reiterou ontem que o governo espanhol agirá em caso de secessão. Em uma decisão excepciona­l, o líder dos socialista­s, Pedro Sánchez, uniu-se ao governo de Rajoy para pedir que a Catalunha não faça a declaração.

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