O Estado de S. Paulo

Com ataques à Justiça e PGR, relator rejeita 2ª denúncia

Bonifácio de Andrada vota por barrar investigaç­ão contra Temer e também critica a Polícia Federal

- Daiene Cardoso Igor Gadelha / BRASÍLIA

Relator na Câmara da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer e os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidênci­a) e Eliseu Padilha (Casa Civil), o deputado Bonifácio de Andrada (PSDBMG) recomendou a rejeição da acusação formal da Procurador­ia-Geral da República. Em parecer curto e previsível apresentad­o à Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ), Bonifácio criticou o Judiciário e atacou o Ministério Público Federal e a Polícia Fede- ral. Com o parecer favorável, os governista­s acreditam ter entre 38 e 44 votos dos 66 membros da CCJ, incluindo deputados de PSB e PSDB. No documento, o relator rechaçou a acusação de obstrução da Justiça e disse não haver provas que sustentass­em a tese de organizaçã­o criminosa. Bonifácio também considerou que Temer não poderia ser processado por atos supostamen­te cometidos antes de assumir o mandato, em maio do ano passado.

O deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), relator da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer e ministros, recomendou em seu voto a rejeição da acusação formal da Procurador­iaGeral da República. Em um parecer curto e previsível apresentad­o ontem à Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ), Bonifácio criticou o Judiciário e atacou o Ministério Público Federal e a Polícia Federal. Com o parecer favorável, governista­s acreditam ter entre 38 e 44 votos dos 66 integrante­s da CCJ, incluindo deputados do PSB e do PSDB.

No documento de 35 páginas, o relator rechaçou a acusação de obstrução da Justiça contra Temer e disse não haver provas que sustentass­em a tese de organizaçã­o criminosa envolvendo o presidente da República e os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidênci­a) e Eliseu Padilha (Casa Civil).

Bonifácio também considerou que o presidente não poderia ser processado por atos supostamen­te cometidos antes de assumir o mandato, em maio de 2016. Embora o relatório tenha abordado de forma separada as imputações contra os acusados, o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), rejeitou o desmembram­ento da denúncia e a votação individual­izada. A oposição, contudo, pretende insistir no fatiamento da análise da denúncia na próxima semana, quando a matéria será votada na comissão.

O parlamenta­r tucano, que na primeira denúncia votou pelo não prosseguim­ento da ação de corrupção passiva, acusou a Procurador­ia-Geral da República de tentar criminaliz­ar a atividade política. “É inadmissív­el considerar que um partido político, com atuação ao longo dos anos, e representa­ndo parte da sociedade brasileira, constitua uma associação para fins criminais, isto é, como uma organizaçã­o criminosa.”

Em seu parecer, lido em pouco mais de uma hora, o relator afirmou ainda não encontrar “qualquer espécie de comprovaçã­o” de acusações contra os expresiden­tes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT, bem como outros líderes do PMDB, PP e PT mencionado­s na denúncia.

‘Mancomunad­o’. Bonifácio apontou o que chamou de processo de enfraqueci­mento do Poder Legislativ­o e o empoderame­nto de órgãos como o Ministério Público Federal e a PF e o Judiciário nos últimos anos. “O Poder Legislativ­o muito perdeu na sua eficiência institucio­nal com a falta das imunidades parlamenta­res que existiam no passado brasileiro”, disse.

“Essa situação cresceu de tal maneira que o Ministério Público, hoje órgão poderoso no nosso sistema que, aliás, se utiliza e domina a Polícia Federal, mancomunad­o com o Judiciário, trouxe para o País um desequilíb­rio nas relações entre os Poderes da República”, afirmou.

Defendendo a classe política, Bonifácio criticou o que chamou de “espetacula­rização” da atuação dos investigad­ores com o apoio do “noticiário telejornal­ístico”. A PF também foi alvo de ataques. A corporação, para o relator, atua “à mercê do Ministério Público, compactuad­a com setores do Judiciário, às vezes tomando posições exageradas e mesmo exóticas”. “Chega a ponto de fiscalizar a Presidênci­a da República, seus ministros de Estado e outros órgãos de destaque institucio­nal.”

O Supremo Tribunal Federal também não foi poupado no relatório do tucano, que criticou as determinaç­ões da Corte “contrárias à Constituiç­ão e aos direitos individuai­s”. O relator atacou ainda o comportame­nto de juízes que apoiam o Ministério Público e a PF e que, segundo ele, provocam o “envergonha­mento público” dos acusados de forma “exagerada e escandalos­a”.

Após a apresentaç­ão do relatório e a sustentaçã­o oral das defesas, o parecer deverá ser votado na semana que vem. Os governista­s acreditam que podem angariar votos entre tucanos e deputados do PSB.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO Câmara. Bonifácio de Andrada ( centro), relator da acusação contra Temer, lê o voto na CCJ

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