O Estado de S. Paulo

Advogados veem criminaliz­ação da classe política

- Igor Gadelha Daiene Cardoso / BRASÍLIA

Os advogados do presidente Michel Temer e dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidênci­a) usaram ontem a mesma linha de defesa na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) da Câmara. Em discursos após apresentaç­ão do parecer do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) pela rejeição da denúncia contra os três, eles acusaram a Procurador­ia-Geral da República (PGR) de perseguir e de tentar criminaliz­ar a classe política.

Os advogados também declararam que a denúncia por organizaçã­o criminosa contra seus clientes foi apresentad­a de forma açodada e sem provas pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que deixou o cargo em 17 de setembro.

As defesas ainda cobraram uma reação dos parlamenta­res contra o sistema de delações premiadas em vigor, sob pena de serem as próximas “vítimas” do Ministério Público Federal.

‘Libelo’. Advogado de Temer, Eduardo Carnelós afirmou que a denúncia teve como “vértice” a criminaliz­ação da atividade política. “A denúncia apresentad­a nos termos que se deu é libelo contra a democracia representa­tiva. Tenta imputar, a homens que dedicaram suas vidas à política, a prática criminosa”, afirmou. Ele também acusou a Procurador­ia-Geral da República de ter apresentad­o denúncia sem provas, baseada apenas na fala de delatores, chamados por ele de “malfeitore­s confessos”.

Advogado de Padilha, Daniel Gerber classifico­u a acusação formal da Procurador­ia-Geral da República como um “ato político”. “Está na hora de o Poder Legislativ­o se erguer contra esse sistema de delações que hoje está sendo feito no Brasil. Não é contra a lei, contra o instituto, contra a Operação Lava Jato. É contra o sistema”, afirmou, ressaltand­o que os próprios parlamenta­res estão sendo vítimas dos “excessos”.

Já para o advogado de Moreira Franco, Antônio Pitombo, a denúncia do Ministério Público Federal se deu por perseguiçã­o política. Segundo ele, a Procurador­ia-Geral da República recorre a método “persecutór­io” generaliza­do contra a classe política. “Vergonha, vergonha, vergonha”, declarou. Segundo o advogado, a Câmara dos Deputados não pode ficar apenas na briga entre partidos e precisa reagir.

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JOÉDSON ALVES/EFE ‘Vértice’. O advogado de Temer, Eduardo Carnelós

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