O Estado de S. Paulo

Supremo nega recurso e pena de Maluf é mantida

Embargos de declaração foram rejeitados em turma; defesa diz que vai recorrer ao plenário

- Breno Pires Carla Araújo / BRASÍLIA

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou ontem, por quatro votos a um, embargos de de- claração apresentad­os pela defesa de Paulo Maluf (PPSP) e manteve a condenação do deputado federal a sete anos, nove meses e dez dias de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro.

A decisão da Corte, de maio deste ano, determina também a perda do mandato na Câmara e o cumpriment­o da pena em regime fechado. Apesar de rejeitar o recurso, os ministros não determinar­am a execução imediata da pena nem cassaram Maluf. A defesa pretende recorrer ao plenário do STF.

O deputado foi condenado por ter desviado recursos de obras da antiga Avenida Águas Espraiadas (atual Roberto Marinho), quando era prefeito de São Paulo (1993-1996). Foram movimentad­os US$ 15 milhões em contas na Ilha de Jersey, paraíso fiscal localizado no Canal da Mancha.

O julgamento dos embargos de declaração começou em setembro com o voto do relator Edson Fachin pela rejeição do recurso, e foi interrompi­do após pedido de vista do ministro Marco Aurélio Mello, que ontem empatou a votação. Fachin foi seguido pelos ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux.

Em nota, o advogado de Maluf, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que vai “apresentar embargos infringent­es com a expectativ­a de que este novo recurso contra a decisão de maio possa ser analisado pelo plenário do STF”. Segundo advoga- do, o deputado aguarda “com serenidade a decisão” de todos os ministros da Corte. Kakay argumentou também que o deputado não poderia ser responsabi­lizado pela movimentaç­ão do dinheiro que fundamenta a acusação de lavagem porque as contas na Ilha de Jersey, à época citadas na ação penal , estavam conge- ladas por ordem judicial.

O advogado afirmou ainda que, em razão da idade avançada de Maluf – 86 anos –, o parlamenta­r não pode cumprir a pena em regime fechado e pede a aplicação de medidas alternativ­as à prisão.

Segundo Kakay, a perda do mandato também deve ser discutida após a decisão sobre os novos embargos.

Processo. A ação penal na qual Maluf é condenado foi aberta em 2011 contra 11 acusados, entre parentes do deputado e executivos de empreiteir­as. Após desmembram­ento, somente o processo contra Maluf continua no STF, porque o deputado tem foro privilegia­do, enquanto os demais respondem na Justiça comum. Todos

negam as acusações.

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ANDRE DUSEK/ESTADAO Decisão. Maluf foi condenado à perda do mandato e a 7 anos de prisão

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