Goldman se desculpa por acusar Doria de direcionar licitações
Ex-governador diz que cometeu uma ‘injustiça’ ao afirmar que ‘todas’ as concorrências da Prefeitura eram dirigidas
O ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB, publicou ontem em seu blog uma mensagem na qual disse que cometeu uma “injustiça” ao dizer que todas as licitações da Prefeitura de São Paulo eram dirigidas. A acusação havia sido feita por ele em um vídeo publicado na sexta-feira nas redes sociais com críticas ao prefeito João Doria.
“No meu post em que critico a ausência do prefeito João Doria na direção da cidade de São Paulo cometi um equívoco e, consequentemente, uma injustiça que me cabe, humildemente, corrigir”, disse Goldman.
“Baseado em observações pessoais e em decisões do Tribunal de Contas do Município eu disse que todas as licitações da atual administração eram dirigidas, com editais que já predeterminam as empresas que vão ganhar. Cometi o equívoco ao usar a expressão todas.”
Goldman afirmou, porém, que “em alguns casos” parece ter havido direcionamento. “Mas não tenho elementos suficientes para afirmá-lo sem margem de erro. Além disso, a simples impugnação do TCM não é suficiente para confirmar o direcionamento”, escreveu ele.
Em sua autocrítica, o ex-governador disse que foi “apressado e injusto” com alguns servidores da Prefeitura. “Peço que me desculpem.”
Crise. O vídeo publicado por Goldman foi o estopim de mais uma crise interna no PSDB. Em resposta, Doria gravou e publicou uma mensagem em vídeo nas redes sociais no qual chama o ex-governador de “fracassado”, “improdutivo” e que “vive de pijamas” em casa. Antes de gravar sua resposta, o prefeito cogitou processar Goldman por calúnia, mas desistiu.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), evitou se intrometer na briga entre seus correligionários tucanos. “Deixa que eles vão se entender”, esquivou-se ao ser indagado ontem em Piracicaba (SP) sobre a troca de ofensas entre Goldman e Doria iniciada na semana passada.
Na cidade do interior paulista, onde participa da feira do setor de agronegócio EsalqShow, Alckmin também evitou responder sobre a ausência de Doria na Prefeitura para fazer várias viagens nacionais e internacionais desde que assumiu o cargo. “Vamos sair desse tema”, pediu aos jornalistas.
Já sobre a pesquisa Datafolha que mostrou a queda da popularidade do prefeito, o governador repetiu o que costuma dizer sobre esse tipo de levantamento. “Pesquisa não se comenta, é um retrato.”
Viagens. Apesar da mais recente pesquisa Datafolha ter detectado que 49% dos paulistanos não aprovam as viagens de Doria, o prefeito afirmou que vai manter sua agenda de deslocamentos pelo Brasil e outros países. Ele faz questão de dizer que paga as próprias viagens e se considera um prefeito global.
A próxima viagem pelo Brasil será em Goiânia, no dia 19, quando será recepcionado pelo governador Marconi Perillo, que se articula para suceder a Aécio Neves na presidência do PSDB. Hoje o prefeito embarca para a Itália, onde cumprirá agenda em Milão em Veneza. Doria se reunirá com os prefeitos de Milão, Giuseppe Sala, e de Veneza, Luigi Brugnaro.
O tucano também assinará em Veneza um protocolo cultural entre as cidades de Veneza e São Paulo para a Bienal de Veneza de 2019.
‘Equívoco’
“Disse que todas as licitações da atual administração eram dirigidas com editais que já predeterminam as empresas que vão ganhar. Cometi o equívoco ao usar a expressão todas.” Alberto Goldman (PSDB) EX-GOVERNADOR