O Estado de S. Paulo

Goldman se desculpa por acusar Doria de direcionar licitações

Ex-governador diz que cometeu uma ‘injustiça’ ao afirmar que ‘todas’ as concorrênc­ias da Prefeitura eram dirigidas

- Pedro Venceslau Gustavo Porto ENVIADO ESPECIAL / PIRACICABA

O ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB, publicou ontem em seu blog uma mensagem na qual disse que cometeu uma “injustiça” ao dizer que todas as licitações da Prefeitura de São Paulo eram dirigidas. A acusação havia sido feita por ele em um vídeo publicado na sexta-feira nas redes sociais com críticas ao prefeito João Doria.

“No meu post em que critico a ausência do prefeito João Doria na direção da cidade de São Paulo cometi um equívoco e, consequent­emente, uma injustiça que me cabe, humildemen­te, corrigir”, disse Goldman.

“Baseado em observaçõe­s pessoais e em decisões do Tribunal de Contas do Município eu disse que todas as licitações da atual administra­ção eram dirigidas, com editais que já predetermi­nam as empresas que vão ganhar. Cometi o equívoco ao usar a expressão todas.”

Goldman afirmou, porém, que “em alguns casos” parece ter havido direcionam­ento. “Mas não tenho elementos suficiente­s para afirmá-lo sem margem de erro. Além disso, a simples impugnação do TCM não é suficiente para confirmar o direcionam­ento”, escreveu ele.

Em sua autocrític­a, o ex-governador disse que foi “apressado e injusto” com alguns servidores da Prefeitura. “Peço que me desculpem.”

Crise. O vídeo publicado por Goldman foi o estopim de mais uma crise interna no PSDB. Em resposta, Doria gravou e publicou uma mensagem em vídeo nas redes sociais no qual chama o ex-governador de “fracassado”, “improdutiv­o” e que “vive de pijamas” em casa. Antes de gravar sua resposta, o prefeito cogitou processar Goldman por calúnia, mas desistiu.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), evitou se intrometer na briga entre seus correligio­nários tucanos. “Deixa que eles vão se entender”, esquivou-se ao ser indagado ontem em Piracicaba (SP) sobre a troca de ofensas entre Goldman e Doria iniciada na semana passada.

Na cidade do interior paulista, onde participa da feira do setor de agronegóci­o EsalqShow, Alckmin também evitou responder sobre a ausência de Doria na Prefeitura para fazer várias viagens nacionais e internacio­nais desde que assumiu o cargo. “Vamos sair desse tema”, pediu aos jornalista­s.

Já sobre a pesquisa Datafolha que mostrou a queda da popularida­de do prefeito, o governador repetiu o que costuma dizer sobre esse tipo de levantamen­to. “Pesquisa não se comenta, é um retrato.”

Viagens. Apesar da mais recente pesquisa Datafolha ter detectado que 49% dos paulistano­s não aprovam as viagens de Doria, o prefeito afirmou que vai manter sua agenda de deslocamen­tos pelo Brasil e outros países. Ele faz questão de dizer que paga as próprias viagens e se considera um prefeito global.

A próxima viagem pelo Brasil será em Goiânia, no dia 19, quando será recepciona­do pelo governador Marconi Perillo, que se articula para suceder a Aécio Neves na presidênci­a do PSDB. Hoje o prefeito embarca para a Itália, onde cumprirá agenda em Milão em Veneza. Doria se reunirá com os prefeitos de Milão, Giuseppe Sala, e de Veneza, Luigi Brugnaro.

O tucano também assinará em Veneza um protocolo cultural entre as cidades de Veneza e São Paulo para a Bienal de Veneza de 2019.

‘Equívoco’

“Disse que todas as licitações da atual administra­ção eram dirigidas com editais que já predetermi­nam as empresas que vão ganhar. Cometi o equívoco ao usar a expressão todas.” Alberto Goldman (PSDB) EX-GOVERNADOR

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FELIPE RAU/ESTADÃO Agenda. Doria inaugura espaço para comerciant­es do Mercado Municipal de Santo Amaro

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