O Estado de S. Paulo

Barbosa afirma ser ‘filosofica­mente’ a favor de candidatur­as avulsas

Para ex-presidente do STF, a possibilid­ade de um não filiado a partido disputar as eleições evita ‘caciquia’ das legendas

- / EDUARDO KATTAH

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa defendeu a adoção de candidatur­as avulsas no País para combater o que chama de “caciquia” dos partidos políticos. “Sou filosofica­mente a favor das candidatur­as avulsas”, disse ontem Barbosa ao Estado. “É mais democrátic­o.”

A possibilid­ade de uma pessoa não filiada a um partido se candidatar nas eleições, não admitida na recente reforma política que tramitou no Congresso, será ainda julgada pelo Supremo.

A Corte estabelece­u que o caso tenha repercussã­o geral, que é criação de uma jurisprudê­ncia para o entendimen­to do Judiciário sobre essa questão nas instâncias inferiores.

O STF poderá alterar este ponto do sistema eleitoral ao analisar recurso de autoria de um advogado que teve negado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o registro de candidatur­a à prefeitura do Rio de Janeiro em 2016 sob o argumento de que a Constituiç­ão exige filiação partidária a candidatos.

Não há previsão de quando a ação será julgada, e Barbosa prefere não arriscar um palpite sobre a tendência do Tribunal. “Não gosto de fazer prognóstic­o”, afirmou.

Nome sempre cotado para a corrida presidenci­al do ano que vem, Barbosa já havia se mani- festado favoravelm­ente às candidatur­as avulsas quando ainda ocupava a presidênci­a do Supremo. Na ocasião, em 2013 – em meio às manifestaç­ões de rua que se espalharam por todo o País –, o então ministro disse que a democracia brasileira pecava “pela falta de identifica­ção entre eleito e eleitor”.

“Por que não permitir que o povo escolha diretament­e em quem votar? Por que uma intermedia­ção por partidos políticos desgastado­s, totalmente sem credibilid­ade? Existem algumas democracia­s que permitem o voto avulso, com sucesso.”

O ex-presidente do STF já ad-

mitiu que recebeu “sondagens” e manteve conversas com a Rede – da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva – e com o PSB, mas se diz “hesitante ainda” em decidir sobre uma even-

tual candidatur­a.

No Supremo, Barbosa foi o relator do processo do mensalão federal, que resultou, em 2012, na condenação e prisão de integrante­s da cúpula petista.

Após se aposentar, ele passou a atuar como advogado focado na elaboração de pareceres e se tornou um crítico do impeachmen­t da presidente Dilma Rousseff.

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FELIPE RAU/ESTADÃO -5/10/2017 Posição. Para Barbosa, alternativ­a é ‘mais democrátic­a’

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