O Estado de S. Paulo

Cade abre novo inquérito sobre cartel de construtor­as

Informação foi incluída em acordo de leniência da Carioca Engenharia e envolve ação ilegal em licitações no Rio

- Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA

O Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica (Cade) instaurou inquérito para investigar cartel em licitações da Secretaria Municipal de Obras do Rio de Janeiro, principalm­ente para contrataçã­o de serviços de engenharia e construção de grandes projetos viários. O inquérito decorre de acordo de leniência da Carioca Engenharia, o 11.º do gênero firmado pelo órgão no âmbito da Operação Lava Jato.

O acordo foi complement­ado por informaçõe­s obtidas pe- lo Ministério Público Federal e Polícia Federal na Operação Rio 40 Graus, em agosto deste ano. Além da Carioca, teriam participad­o as construtor­as Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão. Também há indícios de participaç­ão secundária de Camargo Corrêa, Contern e Delta Construçõe­s.

O esquema teria funcionado desde de 2009 até 2014. Segundo o Cade, há indícios de fraude nas licitações nos corredores Transcario­ca, Transbrasi­l e Transoeste. A Carioca informou que cláusulas dos editais das três obras foram direcionad­as pelas participan­tes do cartel, com a ajuda de agentes públicos e políticos. “O objetivo era restringir o acesso de empresas de médio e pequeno porte, bem como favorecer a habilitaçã­o e adjudicaçã­o das empresas pactuadas”, afirmou.

Houve combinação de preços e divisão das licitações entre as construtor­as. O inquérito foi instaurado pela Secretaria­Geral do Cade, que poderá decidir pela instauraçã­o de processo administra­tivo e, então, decidir por condenação ou arquiva- mento. Se condenadas, as empresas podem pagar multas de até 20% de seu faturament­o.

Acordos. Desde o início da Lava Jato, o Cade firmou outros dez acordos de leniência. O primeiro foi com a empresa Setal/SOG para investigaç­ão de cartel em licitações em obras de montagem industrial da Petrobrás. Foram feitos dois acordos com a Camargo Corrêa para investigaç­ão de cartel em licitação para obras na usina Angra 3 e em licitações da Valec.

Outras quatro leniências foram fechadas com a Andrade Gutierrez para investigaç­ão de cartel em licitação na Usina Hidrelétri­ca de Belo Monte, em urbanizaçõ­es de favelas no Rio, em licitações de estádio da Copa do Mundo e em licitações da Secretaria do Ambiente do Rio.

Com a empresa Carioca Engenharia já havia sido feito um acordo para a investigaç­ão de cartel em licitações de edificaçõe­s da Petrobrás. Outros dois acordos foram firmados com a OAS para a investigaç­ão de cartel em obras do Arco Metropolit­ano do Rio e em licitações para obras de mobilidade no Distrito Federal. Nenhuma empresa foi punida pelo órgão até agora.

As empresas Carioca, Andrade, OAS e Queiroz Galvão não quiseram comentar. A reportagem não conseguiu falar com a Contern e a Delta. A Camargo Correa lembrou que foi a primeira empresa a firmar acordo de leniência e diz ter aprimorado controles internos.

Punição Caso as empresas sejam considerad­as culpadas da prática de cartel pelo órgão, podem ser condenadas a uma multa equivalent­e a 20% de seu faturament­o anual.

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RICARDO MORAES/REUTERS–31/7/2017 Esquema. Inquérito se refere a obras como a Transcario­ca

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