Multinacionais brasileiras vencem a crise
O perfil das empresas brasileiras que operam diretamente em mercados externos mudou nas duas últimas décadas, deixando de ter predominância as companhias de construção pesada, que participavam de concorrências inter- nacionais com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Com a globalização crescente, não só indústrias se expandiram além das fronteiras nacionais; também empresas de serviços voltadas para o desenvolvimento tecnológico e empresas comerciais se internacionalizaram. A crise econômica acentuou a tendência à internacionalização, que passou a incluir mais companhias, como revela o recente ranking das multinacionais brasileiras elaborado pela Fundação Dom Cabral.
É significativo que a empresa que se classificou em primeiro lugar seja uma fabricante de não tecidos, com um índice de internacionalização de 74%, vindo logo em seguida uma grande construtora (73%) e, em terceiro, uma indústria de cimento (65%). Na sequência vêm uma indústria de equipamentos ferroviários e componentes automotivos (62%) e uma empresa de tecnologia (62%).
Apesar da queda de 35% nas margens de lucro no exterior em 2016, a maioria das múltis brasileiras obteve bons resultados, que presumivelmente compensaram em parte suas per- das ou aquilo que deixaram de ganhar no mercado doméstico. Segundo a Fundação Dom Cabral, quase dois terços das empresas brasileiras com subsidiárias no exterior – 34 companhias de um total de 54 analisadas – avançaram em 2016. Outras 18 empresas (33%) recuaram e 5 (4%) permaneceram estáveis.
No segmento das franquias, abarcando 11 companhias, a liderança ficou com uma locadora de veículos (20%), seguida de duas empresas do ramo alimentício. Neste grupo, cinco empresas avançaram, cinco recuaram e uma se manteve estável. O índice de internacionalização desse setor foi de 8,1% em 2016, um salto em relação a 2014, quando era de 5,5%.
A perspectiva é de que a internacionalização das empresas com sede no Brasil continue de vento em popa. A pesquisa mostra que 42,3% das empresas consultadas esperam conquistar novos mercados, enquanto 67,3% planejam expandir subsidiárias existentes. Os mercados mais buscados por essas empresas são os EUA, Argentina, México, Chile e Colômbia. Depois vêm China e Reino Unido.