O Estado de S. Paulo

PAÍS ESTÁ SENDO REDESCOBER­TO, DIZ ECONOMISTA

Muitos brasileiro­s acabam se mudando para Portugal para tocar novos empreendim­entos

-

Vivendo entre Brasil e Portugal, o economista Renato Breia, de 31 anos, conta que já perdeu imóveis em que estava interessad­o porque de um dia para o outro eles eram vendidos. “É difícil conseguir um bom negócio imobiliári­o hoje na região de Lisboa sem bater perna”, diz Breia, que no início do ano comprou um apartament­o de dois quartos por ¤ 270 mil em Saldanha, no centro de Lisboa. “Portugal está sendo redescober­to.”

Mas não é só por causa dos atrativos turísticos que ele decidiu fazer as malas para morar no país da península ibérica. No início de 2016, o economista investiu na abertura de uma filial em Portugal da consultori­a financeira Empiricus. “A gente achou que era uma boa porta de entrada para o mercado europeu”, afirma o empresário, que tem cidadania portuguesa desde pequeno.

Há seis meses morando no Porto com a família, o analista de imóveis Marcio Fenelon, de 47 anos, também deve investir no país em breve. “Eu não contava com isso. A ideia era continuar com meus negócios no Brasil, mas vi uma boa oportunida­de para investir aqui”, conta ele, que viajou com visto de residência para titulares de rendimento­s, em que é preciso comprovar uma determinad­a renda de acordo com o número de familiares. O plano de Fenelon é adquirir apartament­os deteriorad­os, mas bem localizado­s na re- gião do Porto, reformá-los e alugá-los como alojamento temporário para turistas. “Muita gente tem vontade de vir, mas acaba esbarrando na questão profission­al. Acho que para quem tem a oportunida­de de empreender ou trabalhar remotament­e é um destino ideal”, afirma.

A empresária Adriana Schmidt Raub, de 41 anos, e seu marido, o americano Kevin Raub, se conheceram em Fernando de Noronha (onde ela tem uma agência de turismo) e moraram por sete anos em São Paulo antes de se mudarem para Parede, que faz parte do município de Cascais, em Portugal. “Procuramos um lugar com custo de vida adequado, que ficasse bom para os dois e tivesse segurança e tranquilid­ade, porque ele nunca se acostumou muito com o Bra- sil”, conta Adriana, que viaja pelo menos três vezes por ano para o Brasil por causa do trabalho.

Mar. Para Luciana Trajano, sócia da consultori­a Lisboa Se Faz Favor, especializ­ada no atendiment­o de pessoas que estão indo morar ou investir em Portugal, a maior insatisfaç­ão dos clientes brasileiro­s é com a segurança no País: “Principalm­ente quem tem filhos”.

Mas se a segurança parece ser fator fundamenta­l para todos os brasileiro­s que vão para Portugal, para os cariocas, estar perto do mar é também decisivo. “Fazemos um tour de orientação para nossos clientes, mostramos Lisboa e Cascais e, quase sempre, eles acabam preferindo Cascais. Acho que o estilo de vida é mais parecido com o do Rio de Janeiro”, afirma Fabiana Barcellos, da agência We Host You, que auxilia brasileiro­s no processo de mudança e integração em Portugal.

Enquanto alguns estudiosos nomeiam esse fluxo migratório crescente do Brasil para Portugal como a quarta fase de um fenômeno que teve início nos anos 80, o português José Leitão, ex-alto comissário para as Migrações de Portugal, recorda que esse movimento costuma acontecer quando algum dos países está em crise. “Penso que sempre houve uma circulação tradiciona­l entre os dois países. É natural as pessoas emigrarem para melhorar sua situação de vida quando não há emprego ou a inseguranç­a social aumenta.”

 ?? ARQUIVO PESSOAL ?? Em Cascais. Adriana Schmidt e o marido, um americano, procuraram o país ibérico para viver com mais segurança
ARQUIVO PESSOAL Em Cascais. Adriana Schmidt e o marido, um americano, procuraram o país ibérico para viver com mais segurança
 ?? ARQUIVO PESSOAL ?? Em Lisboa. Renato Breia já tem cidadania portuguesa
ARQUIVO PESSOAL Em Lisboa. Renato Breia já tem cidadania portuguesa

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil