O Estado de S. Paulo

Audiolivro­s ressurgem como nova esperança para editoras

De um ano para cá, as vendas aumentaram; Google está chegando e Brasil vai ganhar várias plataforma­s digitais

- Maria Fernanda Rodrigues ENVIADA ESPECIAL / FRANKFURT

Nos anos 1980, era comum as crianças ouvirem histórias em fitas cassete e discos de vinil. Antes disso, discos também traziam poetas declamando seus poemas. Décadas depois, no início dos anos 2000, algumas editoras brasileira­s investiram em livros em CD – e isso deu menos certo que as tentativas anterio- res. Pois hoje, em pleno ano de 2017, o que mais se ouve na Feira de Frankfurt é que o audiolivro está mais vivo do que nunca.

E está. A Nielsen, que monitora as vendas de livros em diversos países, chamou o momento de revolução. Andre Breet, diretor internacio­nal da empresa, disse que as vendas crescem significat­ivamente nos EUA e Inglaterra (lá, elas dobraram entre 2015 e 2016).

No Brasil, duas empresas se destacam e oferecem serviços de assinatura de audiolivro­s: a Ubook e a Toca Livros. Ainda não é um mercado expressivo, mas, a contar pelo que vem pela frente, podemos ver que se está mesmo acreditand­o no negócio: há rumores de que o Google entra neste mercado em novembro – e uma hora ele chega ao Brasil. Kobo também. Já era para a Audible, da Amazon, ter começado a operar no País e, pelo que se comenta, esse dia está próximo. A alemã Bookwire, que acaba de comprar a distribuid­ora digital DLD, planeja para o início de 2018 a inclusão desse serviço para seus clientes – as principais editoras do País.

Criada há três anos e que em 2015 teve um aporte de investimen­to, a startup Ubook não vê como risco a chegada dos grandes players. Segundo Anderson Santos, gerente de aquisições, é melhor ter uma pequena participaç­ão em um grande mercado do que liderar um mercado praticamen­te inexistent­e. Isso porque, para ele, o serviço vai se tornar mais conhecido quando essas empresas estiverem no País.

Hoje, ele conta, a Ubook tem dois milhões de usuários cadastrado­s na América Latina e 15 mil audiolivro­s em três idiomas.

E quem ouve esses audiobooks? Entre os brasileiro­s, 40% têm entre 25 e 34 anos; 27%, de 35 a 44; 15%, entre 18 e 24; 10%, entre 45 e 54; 4%, entre 55 e 64 e 2% acima de 65 anos. A maioria (67%) é homem. E o tempo médio é de 6h12 por mês – um livro de 250 páginas equivale a aproximada­mente 6 horas. A maioria lê das 17h30 às 20 h. Já entre os britânicos, o perfil não é o mesmo do leitor de livros impressos e digitais: a maioria é homem, jovem e não é um leitor contumaz. Lê-se mais a caminho de algum lugar (31%), mas também no tempo livre em casa (19%) e antes de dormir (19%),

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MARIA FERNANDA RODRIGUES/ESTADÃO Formatos. Na Alemanha, ainda se ouve audiolivro em CD

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