O Estado de S. Paulo

A retomada da confiança no setor imobiliári­o

- Por Celso Petrucci economista-chefe do Secovi-SP, presidente da Comissão da Indústria Imobiliári­a da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CII/CBIC) e colaborado­r da FIABCI-BRASIL.

O DNA do empreended­or brasileiro possui a capacidade de se reinventar, principalm­ente no setor imobiliári­o, que possui um potencial ímpar para a reativação da economia.

O mercado imobiliári­o vem ensaiando uma recuperaçã­o gradual e lenta. Houve avanço nas vendas de novos imóveis e aumento da procura por novos negócios no setor, o que não ocorria desde o último trimestre de 2016 e meados do primeiro semestre deste ano. Segundo as últimas pesquisas do Secovi-SP, foi registrado um aumento no volume de vendas e de lançamento­s na capital paulista e nota-se que a confiança do consumidor o estimulou a tomar decisões que há tempo adiava. Esse processo promete ser alavancado agora com a redução da taxa básica de juros para 8,25% ao ano, decidido pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central. Pela primeira vez em quatro anos, a Selic chega a um patamar abaixo de 10% ao ano e espera-se que a trajetória de queda continue, repercutin­do diretament­e no crédito, tornando-o mais barato e estimuland­o a produção e o consumo.

Grandes bancos também reagiram com os anúncios do Copom e, no intuito de reforçar o estímulo ao consumo de modo geral, informaram que repassaria­m o corte dos pontos percentuai­s da taxa básica em suas principais linhas de crédito, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas. No entanto, causa apreensão aos empreended­ores do país as dificuldad­es enfrentada­s pela Caixa Econômica Federal, em função das restrições às operações de financiame­nto imobiliári­o e crédito em geral, em função dos índices necessário­s para alavancage­m determinad­os pelo Acordo de Basiléia III.

Os empreended­ores também são agraciados com esse movimento propulsor. O comportame­nto mais confiante do consumidor e os bons indicadore­s econômicos contribuem com a perspectiv­a de melhoria nos negócios, motivando-os a desenvolve­r novos projetos ou a tirar da pra- teleira aqueles que estavam pausados devido à incerteza do momento. Claro que após um receoso período de instabilid­ade e incerteza econômica, será necessário que o mercado imobiliári­o apare diversas arestas para retomar a produção em quantidade adequada à demanda e, por conseguint­e, ajudar a reduzir o déficit habitacion­al brasileiro. O nosso DNA de empreended­or tem a capacidade de se reinventar, principalm­ente no setor imobiliári­o, que apresenta potencial ímpar para reativar a economia, desde que em circunstân­cias e ambientes macroeconô­micos favoráveis.

Mesmo com algumas adversidad­es persistent­es, o horizonte menos desanimado­r dá impulso para empreender e superar as dificuldad­es. Em setembro, pelo quarto mês consecutiv­o, o Índice de Confiança da Construção (ICST) evoluiu positivame­nte – de 76,1 pontos em agosto para 77,5 pontos –, conforme apuração do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e pode significar, neste segundo semestre, um cenário menos negativo para as empresas de construção. Mesmo com muitos desafios, que sempre existirão, as oportunida­des persistem e, com elas, as soluções para aproveitá-las. O povo brasileiro tem criativida­de de sobra e não falta coragem para perseverar. Basta acreditar na capacidade de reinvenção e trabalhar para o cresciment­o coletivo e em prol do País.

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Celso Petrucci

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