Triunfo chavista obriga oposição a rever estratégia
Fracasso de protestos de rua e na eleição regional, onde há suspeita de fraude, torna remota chance de bater Maduro nas urnas em 2018
A vitória chavista em 17 de 23 Estados na eleição envolta em denúncias de fraude no domingo deixou a Mesa da Unidade Democrática (MUD) sem esperança de uma eleição presidencial justa no ano que vem. A pressão internacional contra o presidente Nicolás Maduro ainda não deu frutos e as ruas estão vazias. Opositores discutem se a urna é a melhor estratégia contra o governo.
A MUD chegou a debater se deveria boicotar a eleição de domingo, a exemplo do que fez com a Constituinte. Uma facção, que saiu majoritária, argumentava que a adesão poderia facilitar o monitoramento de fraudes e um bom resultado poderia criar força política para a eleição do ano que vem, ainda incerta. “As pessoas não acreditam mais nem em protestos nem em eleições”, disse a cientista política Jennifer McCoy, da Universidade da Geórgia. “Ou vão se resignar, ou deixar o país, ou – os mais extremados – pegarão em armas.”
Os resultados da votação foram decepcionantes. “Faremos uma avaliação de nossas políticas e estruturas para ver onde podemos melhorar”, disse Ángel Oropeza, coordenador político da MUD. “Você não consegue mobilizar seus partidários por um lado e do outro não conseguiu nem prever nem provar as fraudes”, disse Francisco Monaldi, da Rice University.
Desde a posse de Maduro, em 2013, a Venezuela viu suas reservas internacionais erodirem. O controle de câmbio colapsou a produção interna de alimentos, bem como a importação de insumos para medicamentos, o que provocou uma crise alimentar e de saúde pública. O país está com hiperinflação, com produção de petróleo sucateada e, nas próximas semanas, Maduro terá de pagar US$ 3,5 bilhões em juros de títulos da dívida externa.
Conforme o jornal Financial Times, o FMI estuda como seria uma operação de resgate da Venezuela. A conclusão é que o custo poderia ser de US$ 30 bilhões anuais, embora a instituição não faça análise no país há 13 anos. O chavismo rompeu com o FMI e não está claro como essa operação ocorreria sem uma mudança no governo. /