O Estado de S. Paulo

Guerra de nervos na ‘decisão da vez’

Corinthian­s e Grêmio se enfrentam em Itaquera em jogo precedido por polêmica e no qual o time gaúcho tem chance, talvez a última, de reabrir disputa

- Daniel Batista

Corinthian­s e Grêmio fazem mais um jogo em que o clima de decisão está presente graças à irregulari­dade do líder do Brasileiro no segundo turno e ao esboço, pequeno, de reação do vice-líder. Ofensas ao árbitro, comentário­s ácidos sobre o adversário, desdém com a partida, entre outros pontos, ajudam a apimentar ainda mais o clássico que será realizado às 21h45, em Itaquera.

Nos últimos tempos, gremistas e corintiano­s se acostumara­m a travar confrontos cheios de polêmicas, gremistas. A última delas ficou por conta do presidente do time gaúcho, Romildo Bolzan Júnior, que ontem ofendeu o árbitro Heber Roberto Lopes, escalado pela CBF para apitar esta noite. “Podemos até ganhar este jogo, mas já arrumaram um jeitinho: botaram o Heber, esse careca vagabundo paranaense”, disse, chamando ainda Heber de “caseiro’’, em entrevista ao canal ESPN.

O curioso é que o retrospect­o do Corinthian­s em jogos com o árbitro não é positivo. Foram 14 vitórias, 13 empates e 15 derrotas. “Não influencia em nada, ainda mais se tratando do Heber, que é um árbitro experiente. Foi um pouco pesado (a declaração de Bolzan). Por mais que você tenha algo contra alguém, não pode chegar a esse ponto, mas vamos nos preocupar com a gente”, preferiu minimizar o técnico Fábio Carille.

Se os gremistas vencerem hoje, a diferença para o Corinthian­s diminui para seis pontos. Essa possibilid­ade é encarada com um certo receio pelos paulistas. “Temos de entrar focados e sabendo que eles precisam mais do resultado. Nós ainda somos líderes”, lembra o go-

leiro Cássio.

Embora o Corinthian­s tenha tido uma queda de rendimento e de resultados no segundo turno, a diferença para o segundo colocado aumentou. Ao térmi- no da primeira metade do Brasileiro, era de oito pontos. Hoje, a diferença é de nove.

O técnico Renato Gaúcho havia dito que o Corinthian­s despencari­a no Brasileiro. De fato, o líder caiu. Mas seu time tem rendimento ainda pior neste segundo turno. Ou seja, o Grêmio não soube aproveitar os vacilos do rival. “O campeonato está estranho, pois mesmo com o se-

gundo turno bem abaixo do que a gente esperava, temos nove de diferença para o segundo colocado. Esperava ver os adversário­s mais perto”, admite Carille.

No Grêmio, o sentimento é

distinto para a partida. Renato Gaúcho e o vice de futebol, Odorico Roman, tratam com desdém o confronto. Dizem que servirá para a equipe treinar visando a Libertador­es.

“É o Corinthian­s que tem de se preocupar. Vamos jogar para ganhar, mas sem ansiedade. Temos de jogar para treinar o time e dar ritmo para quem está voltando”, afirmou o dirigente.

O zagueiro Pedro Geromel vai em uma linha oposta e acredita que é a chance de a equipe voltar a sonhar com o título. “Estamos encarando todos os jogos como uma final, mas é claro que este é especial, pois podemos diminuir a diferença.’’

Os corintiano­s dizem ter a sensação de que o discurso gaúcho de tirar o peso da partida é mais uma forma de pressioná-los do que real.

Gabriel volta ao time, após dois jogos de suspensão e poderá entrar no lugar de Maycon ou de Camacho. “Não é hora de inventar. Pode esquecer mudança tática, pois não é hora de experiênci­a. Mudança de caracterís­tica sim, pode acontecer”, avisou o volante.

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DANIEL AUGUSTO JR. / AG. CORINTHIAN­S Prudência. Cássio lembra que o Corinthian­s ainda tem boa vantagem e precisa saber explorar esse fator contra o Grêmio

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