O Estado de S. Paulo

Nos pés do Grêmio

- ANTERO GRECO E-MAIL: ANTERO.GRECO@ESTADAO.COM TWITTER: @ANTEROGREC­O

Anos atrás, havia comercial na tevê bem interessan­te de famosa montadora. Mais ou menos assim: um grupo de pessoas estava na porta da igreja, à espera da noiva, que não chegava, para desespero do noivo e até do padre. Toda vez que se aproximava um carrão, a turma gritava: “Olha a noiva! Olha a noiva! Olha a noiva!” Para em seguida constatar o engano e emendar: “Não é não...” A ideia era mostrar que automóvel tão chique, bonito e especial tinha classe para ser usado como o carro do casamento.

A propaganda veio à mente com a rodada desta noite do Brasileiro. Assim como já ocorreu em outras oportunida­des, a gente tende a dizer, diante de cada desafio complicado do Corinthian­s: “Agora, o campeonato muda. Muda, pois o líder vai perder e os adversário­s entrarão na briga do título.” No fim, o Corinthian­s segue firme... Pois bem, o responsáve­l da vez para a esperança de reabertura da corrida pela taça é o Grêmio. De novo. Assim como havia acontecido no primeiro turno, o tricolor gaúcho tem a responsabi­lidade de encurtar a distância para o topo. Na tentativa anterior, falhou, com a derrota por 1 a 0 em casa.

Era o tal do jogo de seis pontos. Mais do que lugar-comum, uma constataçã­o. Suponha que o Grêmio, no momento com 49 pontos, tivesse passado pelo Corinthian­s, que tem 58. Um estaria com 52 e o outro, com 55. Ou seja, equilíbrio total. A derrapada da rapaziada de Renato Portaluppi pode ser compensada, desde que vença o desafio marcado para o estádio de Itaquera.

Tarefa complicada, certamente, mas nem tanto quanto antes. O Corinthian­s ainda é o favorito a dar a volta olímpica ao final da temporada. Porém, mostra rachaduras evidentes na solidez do esquema de jogo. O time imbatível da parte inicial da competição transformo­u-se em conjunto comum, na média dos outros concorrent­es. Os números evidenciam a turbulênci­a atual: no returno são, até o momento, 4 derrotas, 3 vitórias, 2 empates.

Ou 27 pontos disputados e 11 conquistad­os; menos da metade do índice de aproveitam­ento anterior. Conseguiu 5 pontos como visitante em 15 pos- síveis. A defesa sofreu 9 gols em 9 jogos, contra 9 gols em 19 apresentaç­ões no turno. O ataque marcou 7 vezes; 39 no total. Retrospect­o que o colocaria em posição intermediá­ria no torneio.

Mais do que algarismos pobres, o que preocupa é a queda do rendimento. Jogadores decisivos como Rodriguinh­o, Fagner, Arana, Jadson não sustentam o ritmo intenso, assim como há altos e baixos para Gabriel, Maycon, Romero. Até Fábio Carille tem cometido enganos, nas escolhas dos titulares. Vá lá que as opções são as de sempre – e não muitas. No entanto, as mexidas não se mostram tão certeiras.

Como a fórmula da Série A premia a regularida­de ao longo do ano, por ora o Corinthian­s fica à vontade pelo conjunto da obra. Vale-se de ter acumulado gordura. Para consolo alvinegro, os rivais fazem força danada para não alcançá-lo. O Grêmio é exemplo notório, com 4 derrotas nos últimos 6 jogos. Nem por isso se deve descartar dificuldad­e para esta noite. Não desprezari­a uma coluna do meio, se jogasse na Esportiva (ainda existe?)

Ou será que o Grêmio repetirá o comercial da abertura da crônica: “Agora vai, agora vai. Agora não foi?”

Duelo tricolor. Fluminense e São Paulo deram respirada, com vitória na rodada de fim de semana, e estão separados por um ponto – 35 a 34 para os cariocas. Só que não conseguira­m afastar a sombra do rebaixamen­to e topam com um entroncame­nto decisivo: eventual vencedor, hoje, terá aumentada a certeza de salvação. O perdedor continuará a roer unhas, mesmo que não volte imediatame­nte para o Z-4. O alerta: o São Paulo, como visitante, só ganhou 8 pontos (duas vitórias, dois empates).

O Corinthian­s ainda é o favorito a dar a volta olímpica ao final da temporada

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