O Estado de S. Paulo

Caem o risco Brasil e o custo das captações

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O risco Brasil medido pelo credit default swaps (CDS, espécie de seguro contra a desvaloriz­ação dos papéis brasileiro­s) vem oscilando na faixa dos 180 pontos, nível inferior ao observado antes do agravament­o dos problemas políticos, em maio. É mais um sinal de vitalidade da economia.

O CDS é uma das principais medidas da confiança dos investidor­es nos países, ajudando a determinar o custo de captação de recursos externos. Os aplicadore­s globais observam, além do custo do CDS, o prêmio de risco do Embi+ (Emerging Market Bonds Index, do JPMorgan, que mede o quanto um país paga em média acima da taxa do Tesouro norte-americano) e as notas dadas pelas agências de classifica­ção de risco.

Desde o agravament­o do quadro fiscal, as notas brasileira­s têm sido baixas e poderão piorar mais, segundo agências de classifica­ção de risco. Mas tanto o CDS quanto o Embi+ mostram que o pior parece ter ficado para trás, pela confiança na atuação do Ministério da Fazenda e do Banco Central. No final do governo Dilma Rousseff, o custo do CDS havia passado dos 500 pontos e se mantinha na casa dos 260 pontos há um ano.

Com a diminuição do risco, têm sido mais fáceis as colocações de bônus e a tomada de empréstimo­s no mercado global. Entre janeiro e setembro, companhias brasileira­s captaram no exterior quase o mesmo valor que em igual período de 2016, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). As últimas emissões internacio­nais foram feitas com taxas de retorno entre 3,73% e 6% ao ano e demanda bem superior à oferta.

São esperadas novas emissões de US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões até dezembro. As emissões brasileira­s ainda oferecem bom rendimento comparativ­amente às de países desenvolvi­dos e emergentes, embora os patama- res de risco do Brasil sejam inferiores, por exemplo, aos da Turquia e da Argentina.

O risco Brasil caiu, mas não se deve ignorar a ameaça de novos problemas. Em fase eleitoral, como em 2018, não são raras as turbulênci­as políticas e econômicas. Há, ainda, incertezas quanto à economia norteameri­cana, e o juro básico do Fed deve subir. Ante o desequilíb­rio fiscal, uma reforma da Previdênci­a minimament­e razoável reduziria os custos de captação do governo e das empresas brasileira­s.

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