O Estado de S. Paulo

Airbus compra controle de jatos C-Series da Bombardier

Associação entre gigante europeia e canadense levanta questões sobre futuro da Embraer e de sua parceria com a Boeing

- Andrei Netto CORRESPOND­ENTE / PARIS

A gigante aeronáutic­a Airbus anunciou ontem, em sua sede em Toulouse, na França, a aquisição do programa CSeries de aviões entre 100 e 150 lugares, associando-se à canadense Bombardier.

A aproximaçã­o entre as duas empresas levará a companhia europeia a assumir 50,01% das ações da CSeries Aircraft Limited Partnershi­p (CSALP), sociedade criada pela holding canadense para permitir a venda de seu projeto mais ambicioso, que se tornou um fracasso financeiro nos últimos três anos.

Na sociedade, a Bombardier manterá uma participaç­ão mi- noritária, de 30% do capital, e o fundo de investimen­tos da província canadense do Quebec terá outros 19% das ações.

A iniciativa é uma tentativa extrema de salvar as contas da holding, que investiu o equivalent­e a ¤ 5,1 bilhões no programa na tentativa de superar sua principal concorrent­e, a brasileira Embraer, mas sem sucesso até aqui. A expectativ­a da Bombardier é utilizar a experiênci­a da Airbus para impulsiona­r suas vendas.

“É um mercado que não foi bem servido nos últimos anos porque não houve um novo avião na gama de 100 a 150 lugares”, afirmou Alain Bellemare, diretor-presidente da Bombardier, que definiu a Airbus como “o parceiro perfeito”. “É um momento determinan­te para a Bombardier.”

Nos EUA, a direção da Boeing reagiu em uma manifestaç­ão via Twitter na qual classifico­u o entendimen­to como “um acordo discutível entre dois concor- rentes que dependem muito das subvenções de Estado”.

Mesma moeda. Na Europa, a associação entre Airbus e Bombardier relançou a expectativ­a de que a Boeing responda na mesma moeda, buscando um acordo similar com a Embraer. As duas companhias já têm parcerias em áreas como segurança de pistas e combustíve­is alternativ­os, além das vendas e do marketing do avião de transporte militar brasileiro KC-390.

Para analistas da área ouvidos pela agência Reuters nos EUA, uma das alternativ­as que a Boeing tem pela frente é justamente buscar uma parceria aprofundad­a com a Embraer, cujos aviões da família E2 – E175, E190 e E195 – bateram os do programa CSeries da Bombardier nos últimos anos.

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