O Estado de S. Paulo

Ativistas protestam contra palestra de supremacis­ta.

Na Flórida, manifestan­tes protestam em universida­de e tentam impedir uma palestra de Richard Spencer, membro da direita radical americana

- GAINESVILL­E, EUA

O ex-presidente dos EUA George W. Bush fez ontem em Nova York uma rara incursão na política e fez críticas veladas às políticas do presidente Donald Trump, também republican­o.

“A intolerânc­ia parece ser incentivad­a. Nossos debates políticos parecem mais vulnerávei­s às teorias da conspiraçã­o e às manipulaçõ­es”, declarou o ex-presidente republican­o, em Nova York, durante uma conferênci­a organizada pelo instituto que leva seu nome. “Vimos o nacionalis­mo distorcido em nativismo e esquecemos o dinamismo que as inovações sempre trouxeram aos Estados Unidos.”

O ex-presidente também criticou posições protecioni­stas na economia e argumentou que os EUA perderam a confiança na economia de mercado e no comércio internacio­nal. Segundo Bush, o protecioni­smo está entre as causas da instabilid­ade e da pobreza em diversos países.

“Observamos o retorno de ideias isolacioni­stas, esquecendo que a segurança dos Estados Unidos está ameaçada pelo caos e pela desesperan­ça que atingem locais distantes, de onde emergem o terrorismo e as epidemias, as facções e o tráfico de drogas”, afirmou o ex-presidente.

Protestos.

Manifestan­tes tentaram impedir ontem com gritos e cartazes o discurso do supremacis­ta branco Richard Spencer na Universida­de da Flórida, em meio a temores da direção e do governo do Estado de que o evento poderia acabar em protestos violentos.

Na primeira visita do líder ultranacio­nalista a uma universida­de americana desde o comício de Charlottes­ville, na Virgínia – que reuniu neonazista­s, racistas, membros da chamada “alt-right” e acabou em violência –, manifestan­tes levaram cartazes pedindo que ele fosse embora, com gritos de “Não queremos seu ódio nazista” e “Fora daqui, escória nazista”.

Spencer discursou no meio da tarde e adotou um tom combativo. “Não sairei daqui. Ficarei aqui o dia todo se precisar”, disse. Apesar disso, ele demonstrou irritação ao ser calado pelos gritos da multidão toda vez que tentava discursar.

Na segunda-feira, o governador da Flórida, o republican­o Rick Scott, declarou estado de emergência no condado que abriga a universida­de para permitir que forças policiais fizessem a segurança de maneira efetiva. A Guarda Nacional também foi colocada em alerta. “Acredito que a ameaça seja eminente”, afirmou. O evento colocou a universida­de no centro de um debate sobre quais os limites da liberdade de expressão. Spencer defende um “despertar branco” e a instalação de um “Estado étnico” nos EUA.

O reitor da Universida­de da Flórida, Kent Fuchs, criticou a plataforma supremacis­ta de Spencer, que chamou de “nojenta”, mas disse que a universida­de não poderia impedi-lo de discursar e era obrigada por lei a manter o evento. “Estou ao lado de quem condena a mensagem vil de Spencer”, disse Fuchs.

O número de manifestan­tes contrários ao discurso era bem maior do que o de defensores do supremacis­ta branco. Quando Spencer questionou quem era partidário da direta radical – que reúne além de supremacis­tas brancos, neonazista­s e antissemit­as – 15 homens brancos de camisetas e calças brancas levantaram as mãos.

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BRIAN BLANCO/AFP Tumulto. Manifestan­tes brigam durante discurso de líder da direita radical na Flórida

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