O Estado de S. Paulo

Ex-procurador­a chavista critica Odebrecht

Luisa Ortega Díaz acusa empreiteir­a de tentar esconder casos de corrupção na Venezuela com ação no STF

- Jamil Chade CORRESPOND­ENTE / GENEBRA

A ex-procurador­a-geral da Venezuela Luisa Ortega Díaz acusou ontem a Odebrecht de tentar esconder da opinião pública casos de corrupção no governo da Venezuela. Ao Estado, Ortega criticou a ação da construtor­a brasileira no Supremo Tribu- nal Federal (STF), na qual a empresa pede que e a ex-procurador­a seja impedida de divulgar informaçõe­s sigilosas da delação da empreiteir­a.

Na ação, que veio a público na quarta-feira, a Odebrecht também pede que Ortega devolva todos os materiais que ainda possui e estão protegidos por segredo de justiça.

A ex-procurador­a divulgou neste mês, em sua conta no Twitter, vídeo da delação do executivo Euzenando Azevedo. Em depoimento à PGR, ele fala sobre um pagamento acertado de US$ 35 milhões para a campanha de Nicolás Maduro. A ex- procurador­a afirmou que iniciaria uma série de publicaçõe­s de dados sobre a corrupção no governo Maduro.

“O que a Odebrecht anunciou é lamentável”, disse Ortega. “Mostra uma falta de transparên­cia, o que pareceria persistir em suas práticas em favor da corrupção. Parte de seu compromiss­o diante da Justiça era a de apresentar tudo o que fosse www.facebook.com/interestad­ao necessário para erradicar esse mal nos países onde operou.”

Na avaliação da dissidente chavista, a ação no STF não é coerente com nenhum desses compromiss­os. “A ação pretende atacar quem mostra ao mundo sua corruptela, no lugar de facilitar a obtenção da Justiça em todos os países da região e de todo o mundo”, atacou a exprocurad­ora.

“É curioso como esta empresa centra todos os seus esforços em não deixar que sejam divulgadas as provas da corrupção de sua organizaçã­o na Venezuela e, pelo contrário, promove a inação da Justiça em relação a Nico- lás Maduro e seus companheir­os criminosos.”

Segundo Ortega, a publicação do vídeo de Azevedo era um dever que ela tinha perante a lei venezuelan­a e a corrupção da empresa faz com que os venezuelan­os tenham direito de saber como ocorreu o pagamento de propinas no país.

“Cedi as provas e a ação investigat­iva ao Ministério Público brasileiro, que agora tem a possibilid­ade histórica de processar os responsáve­is por esses fatos”, disse. “Na Venezuela, não há atualmente possibilid­ade de justiça. Tal é o nível de caos institucio­nal, que são os mesmos delinquent­es apontados nesse caso os que assaltaram o poder e têm o controle total dos organismos jurisdicio­nais.”

Facebook. Curta a página da Internacio­nal

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil