O Estado de S. Paulo

Ação em SP desarticul­a esquema de apoio a traficante­s na Rocinha

Polícia Civil de SP mirou suspeitos de favorecer apoio entre PCC e facção carioca; principal interlocut­or foi preso

- Felipe Resk

Uma operação da Polícia Civil de São Paulo prendeu 15 pessoas ontem, suspeitas de integrar um esquema de apoio entre a facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) e o grupo Amigo dos Amigos (ADA), do Rio, que aprofundam uma aliança desde o ano passado. Para combater o crime organizado, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, a ação apreendeu armas de fogo e munições.

Entre os presos, está Fabiano Robson dos Santos, o “Negão da Baixada”, apontado pelas investigaç­ões como o interlocut­or do PCC com o crime organi-

zado do Rio. Segundo a polícia, Santos exercia o cargo de “sintonia” da facção, responsáve­l por gerenciar o tráfico no litoral de São Paulo. Agentes surpreende­ram o suspeito em casa, na Praia Grande, de madrugada.

Em ligação telefônica intercepta­da há cerca de 40 dias, Santos aparece negociando o envio de fuzis para a Favela da Rocinha, na zona sul carioca, que é alvo de disputa entre o ADA, grupo minoritári­o do Rio, e o Comando Vermelho (CV), a maior facção fluminense. Os dois brigam pela hegemonia do tráfico. “Tem que ir lá que nossos parceiros tão ( sic) precisando de armamento, tá ligado ( sic), irmão? Precisamos de bala mesmo, umas caixas, tá ligado ( sic), irmão?”, diz um interlocut­or do ADA, ainda não identifica­do pela polícia paulista. Segundo as investigaç­ões, a remessa seria composta por cerca de 20 armas, mas a polícia não tem certeza se a entrega foi feita.

Para dificultar ser identifica­do no telefone, Santos trocou de apelido várias vezes. “Ele é o cabeça da quadrilha: só ele fala com o pessoal do Rio”, afirmou o delegado Aldo Galiano Júnior, titular da seccional de São Bernardo.

Sob coordenaçã­o da Delegacia de Investigaç­ões sobre Entorpecen­tes (Dise), de São Bernardo, os policiais tentaram cumprir, ao todo, 26 mandados de prisão temporária e outros 94 de busca e apreensão. Cerca de 320 policiais foram às ruas em 19 cidades da Grande São Paulo, interior e Baixada Santista. Na operação, duas pessoas foram presas em flagrante por porte ilegal de arma e de entorpecen­tes. Também foi capturado um foragido da Justiça, por tráfico.

No organogram­a do bando, há cerca de 30 criminosos que não foram identifica­dos. Agora, investigad­ores também querem saber quem são os bandidos do Rio que entraram em contato com a célula paulista do PCC.

Aliança.

Para a polícia, o estreitame­nto de laços entre PCC e ADA é motivado pela rixa com o CV e o aumento do cerco no Rio. Os investigad­ores, no entanto, ainda não sabem de que forma a facção carioca queria expandir seus negócios em São Paulo.

“A questão da vinda para São Paulo é toda financeira”, disse Galiano Júnior. “Ou eles estão apertados no Rio e precisando de recursos, não conseguem vender droga lá e tentam montar um braço aqui para ganhar dinheiro. Ou eles tiraram a droga da comunidade de lá, trouxeram para cá para vender aos poucos e não perder tudo em uma grande apreensão.”

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MARCELO GONCALVES/SIGMAPRESS Articulaçã­o. Operação envolveu cerca de 320 policiais, que foram às ruas em 19 cidades da Grande São Paulo, interior do Estado e Baixada Santista

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