Ação em SP desarticula esquema de apoio a traficantes na Rocinha
Polícia Civil de SP mirou suspeitos de favorecer apoio entre PCC e facção carioca; principal interlocutor foi preso
Uma operação da Polícia Civil de São Paulo prendeu 15 pessoas ontem, suspeitas de integrar um esquema de apoio entre a facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) e o grupo Amigo dos Amigos (ADA), do Rio, que aprofundam uma aliança desde o ano passado. Para combater o crime organizado, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, a ação apreendeu armas de fogo e munições.
Entre os presos, está Fabiano Robson dos Santos, o “Negão da Baixada”, apontado pelas investigações como o interlocutor do PCC com o crime organi-
zado do Rio. Segundo a polícia, Santos exercia o cargo de “sintonia” da facção, responsável por gerenciar o tráfico no litoral de São Paulo. Agentes surpreenderam o suspeito em casa, na Praia Grande, de madrugada.
Em ligação telefônica interceptada há cerca de 40 dias, Santos aparece negociando o envio de fuzis para a Favela da Rocinha, na zona sul carioca, que é alvo de disputa entre o ADA, grupo minoritário do Rio, e o Comando Vermelho (CV), a maior facção fluminense. Os dois brigam pela hegemonia do tráfico. “Tem que ir lá que nossos parceiros tão ( sic) precisando de armamento, tá ligado ( sic), irmão? Precisamos de bala mesmo, umas caixas, tá ligado ( sic), irmão?”, diz um interlocutor do ADA, ainda não identificado pela polícia paulista. Segundo as investigações, a remessa seria composta por cerca de 20 armas, mas a polícia não tem certeza se a entrega foi feita.
Para dificultar ser identificado no telefone, Santos trocou de apelido várias vezes. “Ele é o cabeça da quadrilha: só ele fala com o pessoal do Rio”, afirmou o delegado Aldo Galiano Júnior, titular da seccional de São Bernardo.
Sob coordenação da Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise), de São Bernardo, os policiais tentaram cumprir, ao todo, 26 mandados de prisão temporária e outros 94 de busca e apreensão. Cerca de 320 policiais foram às ruas em 19 cidades da Grande São Paulo, interior e Baixada Santista. Na operação, duas pessoas foram presas em flagrante por porte ilegal de arma e de entorpecentes. Também foi capturado um foragido da Justiça, por tráfico.
No organograma do bando, há cerca de 30 criminosos que não foram identificados. Agora, investigadores também querem saber quem são os bandidos do Rio que entraram em contato com a célula paulista do PCC.
Aliança.
Para a polícia, o estreitamento de laços entre PCC e ADA é motivado pela rixa com o CV e o aumento do cerco no Rio. Os investigadores, no entanto, ainda não sabem de que forma a facção carioca queria expandir seus negócios em São Paulo.
“A questão da vinda para São Paulo é toda financeira”, disse Galiano Júnior. “Ou eles estão apertados no Rio e precisando de recursos, não conseguem vender droga lá e tentam montar um braço aqui para ganhar dinheiro. Ou eles tiraram a droga da comunidade de lá, trouxeram para cá para vender aos poucos e não perder tudo em uma grande apreensão.”